Economia

Venda do Ponto Frio era negociada havia 8 anos

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postado em 09/06/2009 09:10
Negociada havia pelo menos oito anos por Lily Safra e seu filho Carlos Monteverde, a venda do Ponto Frio foi concluída com uma complexa operação que envolveu dinheiro e troca de ações. Para os controladores do Ponto Frio, o grupo Pão de Açúcar desembolsará R$ 373,4 milhões à vista e R$ 451 milhões em quatro anos, corrigidos pelo CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Esse valor, no entanto, será convertido em ações do grupo Pão de Açúcar, em quatro fases. Assim, em até 18 meses, os controladores do Ponto Frio poderão vender suas ações do Pão de Açúcar ou se tornarem donos de 6,5% da rede varejista. Já os acionistas minoritários terão três opções. Poderão manter suas ações do Ponto Frio, sair quando for feita a oferta pública de ações para a compra da rede ou, ainda, aceitar condições semelhantes às oferecidas aos controladores. No entanto, o preço por ação será de R$ 7,59, 20% a menos que o valor pago aos majoritários, R$ 9,48. O valor a ser pago à vista (cerca de R$ 500 milhões) sairá do caixa do Pão de Açúcar, hoje em R$ 1,7 bilhão. Caso a maioria dos acionistas decida aderir à oferta feita aos controladores -há um prêmio de 10% sobre o saldo a ser pago a prazo-, o Pão de Açúcar deverá fechar o capital da Globex, controladora do Ponto Frio. "Não faria sentido manter o capital do Ponto Frio aberto porque será difícil criar volume de negociações e dar liquidez aos papéis", diz Enéas Pestana, vice-presidente administrativo financeiro do Pão de Açúcar. Ontem, as ações da Globex caíram 17,43%, cotadas a R$ 7,83 no fim do dia. Há um ano, quando começaram as negociações com o Pão de Açúcar, elas valiam cerca de R$ 25. As ações do Pão de Açúcar caíram 1,96% ontem, cotadas a R$ 35,90. Segundo relatórios de vários analistas, divulgados antes da compra do Ponto Frio, os papéis do Pão de Açúcar tendem a se valorizar. Segundo a rede, com a compra, os ganhos de sinergia nos próximos 12 meses serão de R$ 500 milhões. A expectativa é que eles venham de ganhos de escala, integração entre logística e administração, melhoria no uso de serviços financeiros e negociações de marketing. Ainda hoje deverá ser feita uma reunião entre os principais fabricantes de eletroeletrônicos e a rede. O Pão de Açúcar também terá benefício fiscal de R$ 100 milhões decorrente da compra. "Essa aquisição irá contrabalançar a liderança muito destacada da Casas Bahia no setor", diz Juraci Parente, do centro de excelência em varejo da FGV. "A existência de dois competidores fortes tende a estimular a competição e melhores preços." Diretor-executivo do Procon, Roberto Pfeiffer concorda: a concentração, não sendo excessiva, pode aumentar o poder de barganha junto a fabricantes e redundar em preços menores. Com o negócio, a receita proveniente de eletroeletrônicos no Pão de Açúcar passará de 10% para 26% do total. A compra está sujeita à aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), mas a rede não espera restrição ao negócio, já que terá 10% de participação de mercado.

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