Economia

Queda do PIB industrial reflete adequação à realidade de crise, diz economista

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postado em 09/06/2009 12:23
A forte retração dos números da indústria e dos investimentos no primeiro trimestre deste ano, segundo mostrou, nesta terça-feira (9/6), a pesquisa do PIB (Produto Interno Bruto), refletem a adequação do setor produtivo à nova realidade em um cenário de crise econômica, explica Pedro Raffy Vartanian, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. A economia brasileira teve retração de 1,8% no primeiro trimestre de 2009 ante igual período do ano passado, e de 0,8% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, informou nesta terça-feira o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O setor industrial, porém, viu queda muito maior que a média geral, despencando 9,3% em relação ao primeiro trimestre de 2008, a maior retração da série histórica. Na comparação com o quarto trimestre, porém, a indústria teve alta de 3,1%, e nos últimos 12 meses acumula expansão de 0,4%. Já a taxa de investimento, medida pela chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), caiu 14% no primeiro trimestre, se comparado a igual período no ano anterior. Na comparação com o quarto trimestre, houve retração de 12,6%. Nas duas bases de comparação, trata-se da maior queda desde o início do cálculo da série pelo IBGE, em 1996. "O resultado mostra que a retração da economia atingiu, principalmente, os gastos de investimento na produção [formação bruta de capital fixo] por parte das empresas, que se adequaram à nova realidade de queda no comércio internacional", diz Vartanian. Ele também destaca a forte queda do setor externo. Tanto as exportações de bens e serviços (retração de 16%) como as importações de bens e serviços (-16,8%) apresentaram baixas em relação ao último trimestre de 2008. "A queda acentuada tanto das exportações quanto das importações mostra uma retração no cenário internacional. Porém, como o percentual de queda foi semelhante, o efeito sobre o PIB é praticamente neutro. Desse modo, pode-se constatar que o processo de ajuste, principalmente do setor industrial, foi o principal responsável pela queda", explica o economista. Para Vartanian, medidas como a redução do IPI sobre automóveis "contribuíram para que os gastos de consumo apresentem variação positiva em relação ao trimestre anterior, mas como a medida já produziu efeitos, deve agora mostrar resultados desfavoráveis, já que houve uma antecipação de demanda futura, com destaque para o setor automobilístico". O consumo das famílias teve aumento de 1,3% no primeiro trimestre. Em relação ao quarto trimestre, constatou-se crescimento de 0,7%, e nos últimos 12 meses, acumula incremento de 4,1%.

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