postado em 09/06/2009 17:40
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou os negócios desta terça-feira em território negativo. Na véspera da definição da nova taxa de juros do país, o investidor optou por vender as ações que subiram demais nas semanas anteriores. O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) não melhorou os ânimos, que tiveram mais influência dos negócios em Wall Street, onde a Bolsa de Nova York oscilou sem muita definição. A taxa de câmbio recuou para R$ 1,93.
O termômetro da Bolsa, o índice Ibovespa, teve perda de 0,88% no fechamento, aos 53.157 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,89 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em leve baixa de 0,02%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,937, em um decréscimo de 1,47% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 259 pontos, número 1,52% abaixo da pontuação anterior.
"O investidor está mais cauteloso. A Bolsa já precificou [antecipou] a recuperação inicial da economia, mas ainda há muitas dúvidas sobre como vai evoluir a taxa de desemprego, sobre o cenário em geral. Agora, não basta somente os indicadores vierem melhor do que o esperado. O investidor tem que ver algum número mais consistente da recuperação", comenta o economista Felipe Casotti, da Máxima Asset Management.
PIB
Durou muito pouco a reação positiva dos investidores aos números divulgados do PIB, relativos ao primeiro trimestre. Apesar de confirmarem o fato do país ter caído em uma "recessão técnica", o desastre foi menor do que o projetado por muitos economistas: a retração foi de 1,8% na comparação com trimestre inicial de 2008, quando muitos contavam com uma queda em torno de 3%. Participantes do mercado também avaliaram com bons olhos os números iniciais da inflação em junho, tal como medida pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas): o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) teve variação de 0,23% na abertura do mês, no município de São Paulo, quando o consenso apontava uma alta em torno de 0,30%.
O ambiente de negócios também foi afetado pela expectativa em relação aos eventos mais importantes da semana: a divulgação do IPCA e do resultado da união do Copom, com divulgação prevista para amanhã. Para muitos analistas, uma inflação sob controle e a economia "em marcha lenta" são os fatores que permitem um novo corte dos juros primários do país. O Copom (Comitê de Política Monetária) anuncia amanhã, após o encerramento dos negócios, a próxima taxa Selic, hoje em 10,25% ao ano.
As apostas se dividem entre 9,50% (corrente majoritária) e 9,25%. No front externo, há a espera pelo notório "Livro Bege", nos EUA. Trata-se de um documento com dados econômicos coletados nas 12 divisões regionais do Federal Reserve. Divulgado duas semanas antes da reunião do chamado Fomc (o equivalente do Copom nos EUA), serve de baliza para as decisões de política monetária na maior economia do planeta.
EUA
Entre as principais notícias do dia, o Departamento do Tesouro aprovou os planos de dez dos maiores bancos dos Estados Unidos a devolverem US$ 68 bilhões das ajudas recebidas do governo para evitar que fechassem, devido à crise causada pela quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008.
O setor financeiro estava justamente no epicentro da crise dos EUA, que logo contaminou a ´economia real´ (setor produtivo e consumo) e ganhou dimensão global. No primeiro trimestre, notícias dando conta de que grandes bancos estavam prontos para devolver a ajuda federal deram novo gás para a ´virada´ dos mercados vista a partir de abril e maio.