Economia

Economistas revisam projeção do PIB e esperam avanço de até 1% neste ano

;

postado em 10/06/2009 08:35
Os analistas decidiram jogar parte do excesso de pessimismo fora e revisaram, para melhor, as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Depois de pintarem um quadro assustador para a economia brasileira, que, até setembro do ano passado, crescia a um ritmo próximo de 6%, eles, agora, já admitem a possibilidade de a soma de todas as riquezas do país fechar 2009 com avanço de até 1%. ;Não há dúvidas de que o PIB do primeiro trimestre, com queda de 0,8% frente aos últimos três meses de 2008, mostrou um país mais resistente aos efeitos da crise mundial;, disse o economista-chefe do Banco BES Investimento, Jankiel Santos. ;É bem possível que o crescimento do país seja positivo, puxado pelo consumo interno;, acrescentou. A se confirmar tal previsão, o Brasil fará parte de um seleto grupo de países que, independentemente dos estragos da crise, vão conseguir algum avanço. O economista-chefe da RC Consultores, Marcel Pereira, está certo disso. Mesmo nos momentos mais agudos da crise, quando todos apostavam no caos, ele projetava um incremento de 0,3% para o PIB em 2009. ;Diante dos números que vimos no primeiro trimestre, podemos falar em crescimento entre 0,6% e 0,7%;, assinalou. Para ele, o Brasil está tirando proveito de uma política fiscal consistente que vigorou nos últimos anos e permitiu ao governo usar parte da poupança acumulada para incentivar o consumo das famílias. ;Tenho certeza que o ajuste fiscal foi o capitão no processo de amadurecimento do país. É esse ajuste, inclusive, que permitirá o Banco Central continuar reduzir a taxa básica de juros (Selic) sem que haja riscos de pressão inflacionária;, afirmou. ;E mais: os investidores estrangeiros estão valorizando as vantagens do Brasil em meio à crise.; Na opinião do economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, uma variação zero do PIB passou a ser o piso das estimativas para este ano. ;Desde dezembro último, acreditávamos que a recessão já estava presente, mas também acreditávamos que a demanda doméstica conseguiria sustentar parte do crescimento, mantendo o PIB no terreno positivo. Mantemos a projeção (de crescimento) em 0%, mas aumentou a possibilidade de esse número ser, de fato, um piso. Se nada mais dramático acontecer no cenário internacional, não devemos ter um PIB negativo em 2009;, assinalou. Ele ressaltou, porém, que a virada da economia só ficará clara a partir do terceiro trimestre. Amortecedor Para Fernando Montero, economista-chefe da Corretora Convenção, ficou evidente que o tombo de 3,6% computado pelo PIB no último trimestre de 2008 foi um ponto fora da linha e, desde então, a economia voltou a caminhar em um patamar mais realista. Marcel Pereira foi além. ;O que vimos nos primeiros três meses do ano foi um marco importante para derrubar o excesso de pessimismo;, frisou. Diante dessa virada, o economista Guilherme da Nóbrega, do Itaú-Unibanco, avisou que o maior conglomerado financeiro do país já está revendo as estimativas para o PIB deste ano, que apontavam retração de 2%. Essa previsão, destacou ele, não é mais condizente com os bons números captados pelo IBGE no primeiro trimestre. Segundo o economista-chefe da SLW Asset Management, Carlos Thadeu Filho, além do consumo das famílias e do governo, que continuará fazendo a diferença nos próximos meses, a economia contará com um importante amortecedor para a crise: o setor de serviços, que avançou 0,8% na comparação com o quarto trimestre de 2008. ;Ainda estou trabalhando com um PIB negativo para o Brasil neste ano. Projeto queda de 0,5%. Mas, até a manhã de hoje (ontem), estimava retração de 1,2%;, disse. O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, vai na mesma direção: em vez de queda entre 1,5% e 2%, ele aposta, agora, em recuo do PIB entre 0,5% e 1%. ;Mas há, sim, chances de haver um crescimento positivo em 2009;, admitiu. Pelos cálculos do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Brasil avançará 1%. Nas contas do Banco Central, o PIB crescerá 1,2%, com o governo sendo peça fundamental para que se chegue a tal número.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação