postado em 10/06/2009 18:24
O FMI (Fundo Monetário Internacional) saudou a "liderança" e o "compromisso" demonstrados pelo Brasil, que emprestará US$ 10 bilhões ao organismo multilateral, informou nesta quarta-feira seu diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn.
"O Brasil reafirma mais uma vez a firmeza de seu papel como destacada economia emergente", afirmou Strauss-Kahn, citado em um comunicado do FMI.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou nesta quarta-feira que o empréstimo será efetuado através da aquisição de bônus do organismo. Com a decisão, o país exerce, pela primeira vez, o papel de financiador do fundo, já que, apesar de integrar o grupo dos 47 países credores, o Brasil ainda não havia feito empréstimos fora de sua cota (hoje de US$ 4,7 bilhões).
Segundo Mantega, os financiamentos ao FMI serão feitos pela compra de bônus (títulos), expressos em direitos especiais de saque, modalidade que já existia no fundo e foi recuperada pelo Brasil. É como se o Brasil desse um cheque de US$ 10 bilhões ao FMI, para ser usado em caso de emergência, e pelo qual o país recebe juros --a taxa ainda não foi definida. "É uma aplicação que o Brasil está fazendo para o FMI poder ajudar os países em crise, principalmente os emergentes", disse Mantega. Segundo ele, essa modalidade de empréstimos é distinta da cota e provisória --enquanto o FMI não faz a reforma de cotas de participação dos países, aumentando a do Brasil e dos emergentes.
A decisão foi acertada na noite de ontem com o presidente Lula, e já havia sido combinada durante a reunião do G20 financeiro, em abril.
"As autoridades brasileiras mostraram grande capacidade de liderança em seu compromisso com o processo de reforma do FMI e a expansão de nossos recursos, e me dá satisfação o fato de o Brasil mostrar claramente seu forte apoio ao sistema econômico e financeiro internacional", disse Strauss-Kahn.
O diretor-gerente destacou que o FMI tomará as medidas necessárias para "permitir a emissão de bônus o mais rápido possível".
Os US$ 10 bilhões serão provenientes das reservas internacionais brasileiras, estimadas em US$ 200 bilhões, segundo números do Banco Central As reservas, porém, permanecem inalteradas, uma vez que o Brasil apenas modifica o tipo de aplicação. Em vez de aplicar as reservas, por exemplo, em títulos do governo norte-americano, investiria nesses bônus do FMI. "É um segundo passo importante que o Brasil tem dado no sentido de tornar credor e não devedor", afirmou Mantega.