Economia

BC faz novo corte de 1 ponto e juros caem para 9,25% ao ano

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postado em 10/06/2009 20:02
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciou nesta quarta-feira a quarta redução consecutiva na taxa básica de juros. O corte foi novamente de 1 ponto percentual, o mesmo realizada na reunião anterior, o que levou a taxa Selic de 10,25% ao ano para 9,25% ao ano, abaixo das previsões do mercado. Desde o final de 2003, no início do governo Lula, o BC não promovia uma sequência de cortes de juros dessa magnitude. E pela primeira vez, desde que a atual série é medida, os juros no Brasil ficam abaixo dos dois dígitos. Com isso, o juro real (taxa de juros nominal menos a inflação) fica entre 4% e 5% ao ano. Além de manter a trajetória de queda, o Copom continuou o ritmo dos cortes. Em janeiro, foi de 13,75% para 12,75% (1 ponto). Em março, acelerou a redução, e a taxa caiu para 11,25% (1,5 ponto). No final de abril, porém, o corte foi menor, para 10,25% ao ano (1 ponto). No mercado financeiro, a aposta era de um corte de 0,75 ponto percentual. Desde a última reunião, o BC vem indicando que iria dar continuidade ao processo de redução da taxa Selic, devido ao agravamento da crise econômica. Com leve sinais de melhora, porém, as reduções desaceleraram. Agora, os diretores do BC só voltam a se reunir nos dias 21 e 22 de julho, quando deve haver um novo corte. De acordo com a pesquisa Focus, realizada pelo BC com o mercado financeiro, os economistas esperam queda para 9% --mesma previsão para o encerramento da Selic de 2009. Crise e inflação A decisão de baixar a Selic vem na esteira da crise econômica mundial, que atingiu o Brasil no último trimestre de 2008. Isso porque uma taxa de juros menor incentiva o consumo, o que leva a uma reativação da economia. O ritmo da redução, entretanto, é calculado considerando vários dados, como inflação e PIB (Produto Interno Bruto), já que quanto menores os juros, maior a demanda de consumo, o que pode pressionar os preços para cima e gerar inflação. Segundo divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), inflação oficial usada pelo governo, desacelerou para 0,47% em maio, ante alta de 0,48% registrada em abril. No ano, a elevação é de 2,20%. A meta de inflação estabelecida pelo governo é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos para cima ou para baixo. O corte dos juros também era previsto por causa do resultado melhor que o esperado do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre. A economia brasileira teve retração de 1,8% no período, ante igual trimestre do ano passado, e de 0,8% na comparação com o quarto trimestre. Apesar de tratar-se da segunda taxa negativa consecutiva do PIB --houve queda de 3,6% no quarto trimestre--, o que configura um quadro de recessão técnica (a primeira desde 2003), a queda foi bem menor que a esperada pelo mercado, que previa retração da ordem de 2%. Juros bancários O principal reflexo da queda da taxa básica para o consumidor é nos juros bancários. Diversos bancos (Nossa Caixa, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco, Banco do Brasil) têm anunciado corte no juros em empréstimos pessoas e financiamentos imobiliários desde que o BC começou a baixar a Selic. A taxa média geral, incluindo pessoa física e jurídica em todas as modalidades pesquisadas pelo BC, caiu de 38,6% ao ano em abril para 38,3% ao ano em maio. É a menor taxa desde junho de 2008, quando estava em 38% ao ano. Parte da queda nos juros bancários se deve também à redução do "spread", a diferença entre a taxa de captação dos bancos e os juros cobrados nos empréstimos para os clientes. O "spread" --que inclui os custos administrativos, o risco de inadimplência e o lucro dos bancos-- encarece hoje os juros em 28,1 pontos percentuais.

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