Economia

Governo argentino intensifica política protecionista

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postado em 14/06/2009 18:07
O governo da presidente Cristina Kirchner continua intensificando sua política protecionista para impedir o que denomina de "invasões" de produtos estrangeiros. Depois de ter aplicado desde o segundo semestre do ano passado uma série de medidas que englobam desde licenças não automáticas à imposição de cotas para produtos ; entre os quais, Made in Brazil ; agora lança uma nova ofensiva, que consiste na criação de um sistema de "um a um" para as importações de produtos dos setores de calçados, brinquedos e eletrodomésticos. Estes são setores "sensíveis" para o Brasil, já que o país é um dos grandes fornecedores do mercado argentino. O anúncio foi realizado a uma centena de empresários pelo polêmico Secretário de Comércio da Argentina, Guillermo Moreno. Ele indicou que esses setores, se quiserem importar, terão que exportar a mesma quantidade - em dólares - de produtos que trouxerem para o mercado interno. Além da proteção das indústrias nacionais, a medida de Moreno tem como objetivo brecar a crescente fuga de capitais. Nos últimos dois anos, saíram do país US$ 38 bilhões. Com a medida do "US$ 1 importado igual a US$ 1 exportado", o governo pretende que os empresários gerem suas próprias divisas para importar. Os empresários deverão assinar uma declaração em cartório na qual se comprometerão a exportar a mercadoria com valor equivalente à importada no prazo máximo de um ano. Diversos empresários indicaram que não contavam com produtos para exportar. Moreno retrucou: "ora, pega a malinha e vai para Angola exportar alguma coisa". Desta forma, segundo o economista Osvaldo Cado, da consultoria Prefinex, o governo instala a "conversibilidade comercial", em alusão à conversibilidade econômica, que entre 1991 e 2002 estabeleceu na Argentina a paridade um a um entre o peso e o dólar. O governo também está demorando as licenças não-automáticas para os produtores dos setores mais "sensíveis". O presidente do Centro de Despachantes da Aduana, Rubén Pérez, declarou que as licenças chegam até 120 dias. O governo também está atrasando a liberação das licenças automáticas prévias de importação. Neste caso, a demora pode ser de até 10 dias, limite previsto pela Organização Mundial do Comércio (OMC). O vice-presidente da Câmara de Importadores da Argentina, Diego Santistéban, afirmou que as restrições aplicadas pelo governo não passam de uma "jogada eleitoral", já que o governo enfrentará no dia 28 deste mês decisivas eleições parlamentares. Com estas medidas, o governo consegue a simpatia dos industriais argentinos afetados pela crise econômica e dos setores mais nacionalistas do eleitorado.

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