postado em 15/06/2009 17:23
Após passar pelas mãos de duas multinacionais americanas, o pão de queijo Forno de Minas voltará ao mercado ainda neste mês pelas mãos da família Mendonça, que criou a pequena empresa em 1990 e fez da marca a maior do país em sua especialidade. A receita de Maria Dalva Mendonça, 66, voltará a ser a original.
Nos dez anos em que a Forno de Minas esteve com os americanos --primeiro a Pilsbury Company e depois a General Mills--, a receita foi sendo alterada por motivos econômicos, o que resultou na perda de qualidade e de vendas.
Gerente de Marketing da Forno de Minas, Hélida Mendonça disse que a qualidade estará em primeiro lugar, em que pese o pão de queijo voltar ao mercado com preço mais caro.
Em abril passado, a família Mendonça viu diante de si a oportunidade de ter de volta a marca, vendida em 1999. A General Mills ligou para Hélder Mendonça para informar sobre o fechamento da fábrica e ofereceu a recompra.
A questão sentimental falou mais alto para Maria Dalva e os filhos Hélida, 48, e Hélder, 44. Em meio à crise econômica, eles fecharam o negócio por cerca de R$ 55 milhões, incluindo os aportes que estão sendo feitos na fábrica na região metropolitana de BH.
A fábrica foi reaberta em 25 de maio e está em processo de readequação da produção, necessária para que a receita original seja reintroduzida.
Na receita da família, o ovo deve ser o pasteurizado que mais se aproxima do caipira, de forma a deixar a massa mais amarelada; o leite deve ser o integral líquido; o queijo deve ter a quantidade necessária para tornar o produto saboroso; o polvilho deve ser o doce.
A receita foi alterada, segundo Hélida, porque houve, por exemplo, redução na quantidade de queijo, adoção de leite em pó e mistura de polvilhos.
"Houve grandes alterações. Não é porque eles não queriam seguir a receita, queriam ganhar competitividade. As empresas querem ter uma rentabilidade [maior], lógico. Foi uma decisão que eles tomaram", disse ela.
"Alteraram a receita para conseguir reduzir o custo do produto", disse a fundadora da marca. Ela avalia que a alteração custou a perda de mercado na ordem de 50%.
Em 1999, a família vendeu a empresa com quase 16,5 mil pontos de venda e produção mensal de 1.600 toneladas por mês. Em abril, eram cerca de 8.500 pontos de venda e produção mensal de mil toneladas.
Mesmo assim, a marca continuava líder no mercado de pão de queijo, com 40% de participação, conforme estudo apresentado pela General Mills durante a negociação.
A Forno de Minas recontratou 160 dos 500 trabalhadores demitidos e ainda neste mês o pão de queijo voltará ao mercado de SP, RJ e MG. Em outras praças, ainda vai demorar.
A recompra envolveu menos dinheiro do que a venda em 1999, mas a família não revela essa diferença.