Jornal Correio Braziliense

Economia

Vendas de materiais de construção seguem em queda livre com a crise, diz IBGE

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As vendas de materiais de construção no varejo vêm despencando desde o agravamento da crise econômica, em setembro, fazendo com que o desempenho acumulado nos últimos 12 meses terminados em abril tenha alta de apenas 0,3%. Em setembro de 2008 - mês em que a crise global ganhou força -, o desempenho nos 12 meses teve elevação de 12,2%, conforme dados divulgados nesta terça-feira (16/06) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dentro da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC). De janeiro a abril, as vendas de materiais de construção no varejo caíram 11,4% frente a igual período em 2008. Em abril, na comparação com março, a redução foi de 3,5%. E em relação a abril de 2008, a queda chega a 15,8%. Veículos e motos Juntamente com o resultado de veículos, motos, partes e peças, que caíram 5,6% no varejo ante março, o desempenho do setor de material de construção fez com que o comércio varejista ampliado tivesse queda de 4% nas vendas na mesma comparação. Excluindo esses dois setores, que têm vendas também no atacado, não identificadas pelo IBGE, o comércio varejista teve redução de 0,2% em abril, em relação a março. Para o coordenador da PMC, Nilo Lopes de Macedo, o cenário da crise, que traz às pessoas insegurança sobre o emprego, vem pesando no desempenho do setor de material de construção, que geralmente requer maiores investimentos, em um prazo maior. "O que influencia o resultado das vendas de materias de construção, além do crédito e da iniciativa do consumidor, é uma certa defasagem que existe na iniciativa de investimento nesta área. As pessoas, quando querem reformar suas casas ou fazer uma nova construção, planejam, pensam, compram parte do material e não todo, então há, realmente, uma certa defasagem", afirmou. Compras antecipadas A forte queda nas vendas de veículos, motos, partes e peças em abril pode ser explicada, segundo Macedo, pelo forte desempenho observado em março. Ele argumentou que, diante do então iminente fim do desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o consumidor pode ter antecipado as compras de automóveis. "O governo deixou para anunciar a renovação da isenção de IPI em cima da hora. Pelas vendas de março, que foram muito altas, podemos deduzir que o consumidor se antecipou, temendo o fim deste benefício", observou Macedo. Em abril, as vendas de veículos, motos, partes e peças caíram 11,3% frente a abril de 2008. Na mesma comparação em março, tais vendas haviam subido 17,2%.