postado em 17/06/2009 17:48
O mercado brasileiro de ações esboçou uma reação nas últimas horas de negócios, mas não conseguiu fugir do terceiro dia consecutivo de perdas na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) nesta quarta-feira (17/6). A opção por vender ações já valorizadas ainda domina o ambiente de Bolsa, num cenário de dúvidas sobre o ritmo de recuperação da economia global. A taxa de câmbio encerrou o dia em R$ 1,96.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, recuou 0,31% no fechamento, para os 51.045 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,10 bilhões. O volume elevado se explica pelo exercício de opções sobre índice. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em leve queda de 0,09%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,964, em um declínio de 0,10% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 290 pontos, número 1,39% acima da pontuação anterior.
"O mercado ainda está muito volátil. Quando o dólar ameaçou cair abaixo de R$ 1,90, eu já achei que havia caído muito rápido. Acredito que o preço do dólar deve oscilar entre R$ 1,90 e R$ 2 por algum tempo", comenta Luiz Fernando Moreira, profissional da mesa de operações da corretora Dascam. O mercado teve um dia tenso, à espera da definição das novas regras para o sistema financeiro dos EUA. Muitos temiam a ameaça de "jogo duro" da Casa Branca, para coibir as práticas que levaram à crise dos créditos "subprime" e lançou o planeta em sua pior crise desde os anos 30.
Os indicadores divulgados na parte da manhã pouco ajudaram a amenizar os ânimos. O Departamento de Trabalho dos EUA revelou que a inflação medida pelo CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês) foi de 0,1% em maio, após um período de estabilidade em abril. A cifra veio abaixo das expectativas (0,3%) e ajudou a amenizar as preocupações com a inflação americana.
Entre outras notícias, o governo americano também informou que o déficit em conta corrente caiu para US$ 101,5 bilhões no primeiro trimestre. A cifra, embora seja a menor desde o quarto trimestre de 2001, foi pior do que projetavam economistas do setor financeiro (consenso em torno de US$ 85 bilhões). No início da tarde, o presidente Barack Obama adiantou alguns detalhes sobre as novas regras, o que aparentemente acalmou o mercado. A Casa Branca reforçou o papel das agências de supervisão, conforme já havia adiantado o próprio presidente.
Brasil
As notícias domésticas vieram no sentido de amenizar o entusiasmo de alguns agentes do mercado com a recuperação da economia brasileira. levantamento da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) indicou a perda de 3.500 vagas na indústria local em maio. No acumulado deste ano, as perdas já somam 46 mil, a maior destruição de postos neste período desde 2006.
No front doméstico, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) apontou que a inflação no município de São Paulo foi 0,19% na segunda quadrissemana de junho --30 dias até 15/06--, abaixo do 0,23% verificado na abertura do mês, pela leitura do IPC. Amanhã, investidores e analistas devem se debruçar sobre a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), em um busca de pistas sobre o rumo da taxa básica de juros. Na semana passada, o Comitê surpreendeu e ajustou a chamada "Selic" de 10,25% para 9,25%.
"Uma boa dica pode ser oferecida pela projeção de inflação do modelo do BC para 2010 (horizonte relevante para as próximas decisões), no cenário de mercado", avalia o economista Elson Teles, da corretora Concórdia. "A qualificação quanto ao posicionamento desta projeção (abaixo do centro da meta, pouco abaixo, ligeiramente abaixo etc) pode dar uma boa indicação" quanto às futuras decisões do Copom, acrescenta, em seu boletim sobre a agenda do mercado para a quinta-feira.