Economia

China deve evitar estímulos fiscais para manter crescimento, diz Bird

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postado em 18/06/2009 18:12
O Bird (Banco Mundial) elevou para 7,2% as previsões referentes ao crescimento da China neste ano e aconselhou o país asiático a ter parcimônia em relação aos estímulos fiscais. Em entrevista coletiva em Pequim, nesta quinta-feira (18/6), o Bird reconheceu que o pacote econômico de US$ 586 bilhões anunciado por Pequim em novembro está ajudando a manter uma taxa de crescimento aceitável. Mas, apesar dos fortes investimentos em infraestrutura estarem favorecendo a criação de empregos (2,7 milhões de postos de trabalho no primeiro trimestre), a entidade recomendou o país a "não dar mais estímulos". "Segundo as previsões atuais, não é necessário e provavelmente não é conveniente dar mais incentivos tradicionais em 2009. Uma das razões é que o déficit fiscal está prestes a ficar significativamente maior que o Orçamento deste ano e um estímulo adicional agora poderia reduzir a margem de estímulo em 2010", disse. O órgão acrescentou que "a influência dos investimentos do Executivo sustentará o crescimento de 2009. No entanto, há limites de até quanto e quando o crescimento da China pode ficar desassociado do crescimento global baseando-se na influência dos gastos do governo". Segundo o relatório, as políticas fiscais e monetárias expansivas não terão um efeito tão significativo em 2010. "Por isso, outros indicadores, como o investimento privado, o consumo e as exportações, terão de responder positivamente para a manutenção de um crescimento econômico sustentado no próximo ano." "A China pode ter a confiança necessária para insistir em políticas com visão de futuro e em reformas estruturais", afirmou Louis Kujis, um dos autores do relatório apresentado hoje. A China, terceira maior economia do mundo, cresceu 13% em 2007. No ano passado, devido à crise global, a expansão do PIB foi menor, de 9%. Já no primeiro trimestre deste ano, o crescimento foi de 6,1%, um pouco menor que a previsão para todo o ano apresentada pelo Bird em março, de 6,5% "O crescimento da China deve continuar apresentando taxas aceitáveis este ano e no próximo, apesar de ser muito cedo para dizer que [o país] está a caminho de uma sólida recuperação", afirmou o economista Ardo Hansson. Por outro lado, segundo o especialista, a taxa de crescimento do gigante asiático só voltará a ser de dois dígitos quando a economia mundial melhorar de forma significativa. "Achamos que a China continuará crescendo, mas não achamos que conseguirá recuperar os dois dígitos [de expansão] se não houver uma recuperação da economia mundial", destaca o documento do Bird. Exportações A respeito das exportações, principal motor do crescimento chinês --ao lado dos investimentos privados--, o órgão multilateral de crédito ressaltou que, no momento, são "o principal lastro" do país. "As fracas exportações continuam sendo o principal lastro do crescimento, enquanto o volume de importações se recuperou no segundo trimestre de 2009, como no caso das matérias-primas", diz o relatório. O Bird concluiu ainda que, neste ano, as exportações e importações chinesas cairão 10,1% e 4,7%, respectivamente. Desde o ano passado, mais de 20 milhões de chineses perderam o emprego devido à queda das exportações destinadas aos EUA, à Europa e ao Japão. Em um momento em que "a demanda global diminuiu e, portanto, existe menos crescimento das exportações, a China deve estimular a demanda doméstica", disse a entidade, que prevê um crescimento de 8,4% no consumo interno e outro de 12,6% na formação bruta de capital. O relatório do órgão destaca ainda que "há pouco risco de uma deflação global, embora o excesso de oferta continue pressionando os preços para baixo". O Bird avalia também que "uma rápida recuperação em nível mundial parece pouco provável".

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