postado em 19/06/2009 20:19
O registro de boletos eletrônicos de pagamento no sistema financeiro, por meio da implementação do débito direto autorizado (DDA), permitirá que os bancos tenham acesso ao real potencial de recursos que podem entrar no caixa de seus clientes pessoa jurídica. Com uma informação mais qualificada, as instituições tendem a oferecer condições de crédito mais favoráveis para essas companhias. "Os boletos registrados ganham em valor agregado. Será uma garantia melhor que reduzirá os spreads", afirmou a diretora de Produtos Pessoa Jurídica do Itaú Unibanco, Sandra Boteguim. Spread é a diferença entre o custo pago pelo banco para captar recursos e o juro que ele cobra dos clientes.
A executiva lembra que é natural a oferta de linhas de crédito que tenham como garantia os boletos emitidos pelas empresas, desde que o banco seja o recebedor desses recursos. No entanto, a instituição financeira não tem como saber se a empresa não emitiu os mesmos boletos para outras instituições, duplicando os recebíveis com o intuito de acessar novas operações de crédito. Essa incerteza sobre a duplicidade ou não do documento faz parte da composição dos spreads.
Com o DDA, as informações sobre os boletos ficarão armazenadas na Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), responsável pelo sistema, e dessa forma não há risco de duplicidade. É por essa razão que, para a executiva, o mais importante nesse momento é fazer com que as empresas adotem o hábito de registrar em uma instituição financeira os boletos emitidos. Só os documentos que possuam esse registro entrarão no DDA, que está previsto para começar a operar em 19 de outubro deste ano. "Estamos trabalhando com intensidade para convencer os emissores de boletos de que é importante o registro", afirmou. Sandra acrescenta ainda que é possível agregar serviços quando o boleto é registrado, como a cobrança de documentos em atraso.
A partir de segunda-feira, o Itaú Unibanco deixará disponível o pré-cadastramento de seus clientes ao DDA. No entanto, uma campanha específica para essa adesão será feita apenas quando a entrada em vigor do novo sistema estiver mais próxima. Internamente, os clientes da instituição financeira já têm acesso, desde o início do ano, aos boletos de pagamento em seus nomes, desde que esses documentos sejam registrados no Itaú ou no Unibanco.
A melhora da qualidade da informação com a implementação do DDA também é reconhecida pelo diretor executivo do Bradesco, Ademir Cossiello. Para ele, todas os dados sobre o real fluxo de caixa das empresas serão levados em conta na análise de crédito. "O fluxo financeiro ficará melhor. E a empresa saberá de forma mais rápida quando um sacado não aceitar aquela cobrança", disse.
O executivo acredita que a adesão ao DDA será alta porque há benefício do lado das empresas emissoras de boletos e também dos clientes, que terão maior facilidade para realizar pagamentos no novo sistema, como não ter necessidade de digitar o código de barras. O Bradesco já oferece essa opção a seus clientes desde 1996. Dos 30 milhões de títulos processados mensalmente, 9 milhões são boletos registrados eletronicamente. "As grandes empresas utilizam essa ferramenta porque ela resulta em um ganho de produtividade", acredita Cossiello.