postado em 21/06/2009 12:05
Uma microempresa nacional, sediada em Guarulhos, na Grande São Paulo, se dedica desde 2006 a fabricar sacolas retornáveis para companhias brasileiras que utilizam esse produto em eventos, em substituição às sacolas plásticas. A produção mensal da empresa é de 50 mil sacolas reaproveitáveis.
O presidente da Ideia, Edizan Dias da Silva, disse que a empresa atende a redes de supermercados de menor porte com sacolas cujas características são diferenciadas pelo tecido de melhor qualidade e pelo melhor acabamento, destinadas a um público mais exigente.
"Nós percebemos que existe uma dificuldade muito grande de aceitação por parte dos comerciantes para colocar isso na frente do caixa. Porque eles querem adquirir essa sacola e ganhar dinheiro sobre a comercialização. Não existe a preocupação de eliminar a sacola plástica. Mas, de ter um item a mais na cadeia e que ganhem dinheiro com isso", criticou.
[SAIBAMAIS] O preço de venda ao consumidor das sacolas retornáveis, muitas vezes utilizando um tecido de menor qualidade, chega a ser três vezes maior do que o preço cobrado pelo produtor, disse Dias da Silva.
"Não existe ainda, pela nossa percepção, uma consciência de eliminação de um material que é prejudicial ao meio ambiente". O público atendido pela Ideia já tem uma noção maior sobre a importância da ecologia. Edizan Dias da Silva avaliou, por outro lado, que há um desinteresse muito grande, em especial por parte das pessoas de renda menor.
Outra empresa nacional de pequeno porte que se dedica à fabricação de sacolas retornáveis é a RPM Confecção de Acessórios e Artigos Têxteis, localizada na capital paulista. Por meio de parcerias com organizações não governamentais ligadas ao meio ambiente, a proprietária, Rosana Damilakos, desenvolveu há dois anos a marca EcoCiente. São sacolas feitas em tecido cru ou tecidos de matéria-prima reciclável, "para lembrar a preocupação com a questão da sustentabilidade". Outra marca da empresa, denominada EcoStyle, trabalha com o segmento da moda.
Rosana Damilakos disse que o importante não é a sacola ser de uso permanente "e, sim, a atitude da pessoa na hora de fazer a compra. Não adianta você ter uma sacola de tecido cru e, na hora de efetuar a compra, pegar uma sacolinha plástica", argumentou. A empresa RPM é atacadista e tem 98% dos clientes entre pessoas jurídicas. Seus produtos são distribuídos desde o Acre até o Rio Grande do Sul.
A empresária afirmou, porém, que esse dado não representa uma conscientização por parte da população para a conservação do meio ambiente. "Ainda não está havendo conscientização por parte do consumidor final brasileiro. São pouquíssimos". Ela acredita, contudo, que a tendência é de crescimento do uso de sacolas duráveis no Brasil.
Para Rosana, o governo não deve se limitar a fazer campanhas de incentivo ao uso de sacolas retornáveis. "Mais do que isso, ele [governo] deveria proibir o uso do plástico. A sacolinha plástica deveria ser vendida. Aí, ninguém vai querer gastar".