Economia

Mesa está mais farta com moeda estável e salário mínimo maior

postado em 23/06/2009 08:31
Nada falta na mesa da dona de casa Maria de Lourdes Dias Noia, de 63 anos. A geladeira está lotada de pacotes de leite, carne, frutas, refrigerantes e iogurtes. A outra geladeira, que funciona como dispensa, está repleta de arroz, feijão e outros mantimentos. Tamanha fartura, contudo, só foi conquistada na era do Plano Real, que completa 15 anos no próximo 1º de julho, com a inflação sob controle e os preços estáveis. "Agora, está bem melhor. Antes, a gente comprava uma coisa e quando voltava minutos depois, já era outro preço", lembra. A quantidade e a variedade dos alimentos consumidos também mudaram radicalmente. Maria de Lourdes conta que comer carne era um luxo. "A gente só comprava arroz, feijão e macarrão. Era muito difícil comer carne. Era migalha, era mais osso, no meio do feijão, só para dar um gostinho. A vida melhorou 100%. Hoje é difícil o dia que a gente não come carne", relata. Antes, ela só comprava farinha de trigo para fazer bolo, pois rendia e ficava mais barato. [SAIBAMAIS] "Hoje,tenho uma vida boa e me alimento melhor. Antes, não tinha geladeira nem tinha como dar merenda para meus filhos", desabafa. Ao lembrar dos tempos em que passou dificuldades, a dona de casa revela que não acreditava que um dia poderia comer os itens que hoje consegue servir. Poder de compra O valor da cesta básica, essencial para milhões de brasileiros, passou por fases distintas ao longo desses 15 anos. "Claro que em 1994 ainda registramos aumento significativo dos preços de alguns alimentos, mas depois eles retrocederam e o valor da cesta ficou negativo em 7%", analisa Clóvis Scherer, supervisor do escritório do Dieese no Distrito Federal. O especialista pontua que o custo da cesta básica teve repiques de alta em alguns anos, por problemas de instabilidade de preços no mercado, mas admite que, depois de 1994, houve "um ambiente muito mais estável do que tínhamos nos anos 80 e 90%". Aliado do custo da cesta básica, o aumento do poder de compra do salário mínimo favoreceu, sobretudo, as famílias que compõem a base da pirâmide social. "As pessoas não só passaram a se alimentar melhor, como passaram a arcar com outras despesas, o que não acontecia desde 1985, quando começamos a nossa pesquisa", ressalta Clóvis Scherer. "Nunca houve um momento em que o salário mínimo cobria mais do que duas cestas básicas em um período próximo a esses", reforça. Em consequência, os brasileiros passaram a variar o cardápio, incluindo itens como laticínios, por exemplo, que tiveram forte redução de preços. Apesar dos progressos, ele destaca que ainda há muito o que avançar. Segundo ele, o mínimo de hoje está mais ou menos no mesmo patamar de valor real equivalente ao período em que passou a fazer parte da Constituição Federal, cujo valor, se fosse atualizado para os dias de hoje, seria de R$ 411,67. Assim como vários benefícios previdenciários vinculados ao mínimo tiveram seu valor elevado desde o Plano Real, o Bolsa Família também deu grande impulso para que as famílias se alimentassem melhor. "É um programa compensatório de renda eficiente. É barato e eficaz, porque acerta as pessoas que deve acertar", avalia Scherer.

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