postado em 23/06/2009 15:40
A americana Chevron já avalia explorar na camada pré-sal do campo de Frade, na bacia de Campos, que entrou em produção no final da semana passada. Com reservas recuperáveis de 200 milhões a 300 milhões de barris de óleo e gás, Frade recebeu investimentos de US$ 3 bilhões, e atingirá até 90 mil barris/dia de petróleo e gás em 2011.
"Estamos analisando a estrutura do pré-sal naquela área. Não há qualquer conclusão firme, mas vamos explorar isso", afirmou o presidente da Chevron no Brasil, George Buck.
Atualmente, a Chevron trabalha no desenvolvimento de outros quatro campos na área de Campos -- Maromba e Papa-Terra, operados pela Petrobras, e Atlanta e Oliva, comandados pela Shell. A petrolífera americana é operadora apenas em Frade, consórcio no qual detém 51,74% de participação, tendo como sócias a Petrobras e a Frade Japão Petróleo.
Buck observou que a Chevron ainda não definiu se vai colocar o óleo de Frade no mercado brasileiro ou se vai exportá-lo. Existe a possibilidade de a Chevron direcionar este petróleo para suas refinarias nos Estados Unidos, já que o preço que a Petrobras paga pelo petróleo cru da região, pesado e de menor qualidade, nem sempre é vantajoso para a companhia.
[SAIBAMAIS]Nos próximos dez anos, a Chevron planeja investir US$ 5 bilhões em projetos na área de exploração e produção no Brasil. A companhia detém ainda negócios na área de lubrificantes, na qual tem fatia de 17% do mercado. Recentemente, a Chevron vendeu os postos da marca Texaco, no Brasil, ao grupo Ultra. Em todo o mundo, a produção da Chevron é de 2,7 milhões de barris de óleo e gás diários. A produção da Petrobras, em maio, foi de 2,5 milhões de barris de óleo equivalente.
O investimento previsto poderá subir ainda mais, ressaltou Buck, de acordo com as oportunidades que surgirem no mercado. Novos investimentos, no entanto, estarão diretamente ligados às novas regras que o governo pretende impor ao setor de petróleo e gás, a partir das descobertas na camada pré-sal.
A possibilidade de o governo eliminar os contratos de concessão e adotar o modelo de partilha (no qual as empresas atuam como prestadoras de serviços para o governo) na região do pré-sal não assusta a direção da Chevron no Brasil. A diretora de Novos Negócios, Patrícia Pradal, lembrou que a empresa opera em outras regiões do mundo mediante o modelo de partilha, e disse acreditar que o governo saberá escolher o marco regulatório adequado, sem afugentar os investidores.
"A Chevron vai observar as oportunidades em cada projeto e tem interesse em continuar investindo no Brasil. A decisão de investimento não está ancorada no modelo, e sim na oportunidade do negócio", comentou.
Para George Buck, a exploração de petróleo em águas brasileiras é interessante, seja no pré-sal ou em outras regiões. Ele salientou que a companhia americana quer apostar em ambos. O executivo alertou que, caso o novo modelo seja restritivo, algumas empresas poderiam deixar de apostar no Brasil.
"Mas não acredito nisso, o governo vem se posicionando bem, e demonstra ter interesse em atrair os investimentos", acrescentou.