postado em 24/06/2009 15:31
Às vésperas do encontro de líderes do G8 na Itália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a ausência de países emergentes nos fóruns multilaterais sobre economia. O presidente disse que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial "continuam sendo um condomínio de europeus e norte-americanos".
[SAIBAMAIS]"A crise também é uma oportunidade para a construção de uma nova ordem e governança internacionais. Ela nos mostra que o mundo não pode ser regido por um clube de sete ou oito países ricos, sem levar em conta mais da metade da humanidade. É impensável que o Fundo Monetário (Internacional) e o Banco Mundial continuem sendo um condomínio de europeus e norte-americanos", disse.
Segundo o presidente, a crise financeira internacional foi motivada por esta concentração de poderes e pela resistência na regulamentação do Estado. "A crise atual resulta de um ciclo de quase três décadas de equívocos cometidos em nome do neoliberalismo. Foram as teses do Estado mínimo, as privatizações desenfreadas de empresas públicas e a crítica à forte presença reguladora do Estado que conduziram a economia global à beira do abismo", afirmou.
As declarações foram feitas durante almoço no Palácio do Itamarty oferecido a presidente das Filipinas, Gloria Macapagal Arroyo.
Olhos azuis
No dia 26 de março, o presidente Lula disse que a crise financeira mundial foi causada por "gente branca de olhos azuis" e que não é justo que negros e índios paguem a conta da crise. "É uma crise causada por comportamentos irracionais de gente branca de olhos azuis, que antes da crise pareciam saber tudo e agora não sabem nada", afirmou, diante do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e da imprensa britânica --quase todos com perfil semelhante ao descrito pelo presidente.
No dia seguinte, o assessor especial da presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse que a frase foi apenas uma metáfora e não teve conotação racista. "Foi uma metáfora usada pelo presidente. Ele se expressa muito por metáforas e essa foi uma delas", afirmou Garcia.