postado em 26/06/2009 02:18
A projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o segundo trimestre e o restante do ano é de crescimento para a economia brasileira, recuperação que ainda será insuficiente para que o país volte aos números pré-crise. A expectativa do Produto Interno Bruto (PIB) no período abril/junho é de alta de 1,4% na comparação com o primeiro trimestre de 2009. Quando a avaliação é para o ano inteiro, a projeção de abril é negativa em 0,4%. Em março, a CNI esperava que o crescimento fosse nulo. O desempenho da indústria é um dos principais fatores na queda do PIB. A produção industrial, nos quatro primeiros meses do ano, ficou cerca de 15% inferior à observada em igual período de 2008.Os dados da CNI mostram que o Brasil começa a fazer transição de um período com forte ajuste na atividade econômica para uma trajetória de recuperação moderada. A indústria foi o setor mais afetado pela crise e tem perspectiva de fechar o ano com o PIB industrial negativo em 3,5%. ;Essa trajetória de recuperação vem a partir de um nível bastante baixo. A indústria caiu mais que 11% nesse período (de outubro a março), mesmo que tenha alguma recuperação, será insuficiente para gerar crescimento", avalia o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Para a confederação, o que tem colocado o Brasil na trajetória de crescimento foram as políticas tributárias e de recuperação de crédito, além do dinamismo do setor doméstico, sustentado pelos benefícios sociais e pelo consumo das famílias. Apesar desses fatores, os industriais afirmam que ainda é necessário normalizar o crédito e o comércio mundial para que o setor realmente possa crescer. ;O comércio mundial, pela primeira vez, vai mostrar redução de um ano para outro. Isso não ocorria desde a segunda metade do século passado;, afirma Castelo Branco.
Quanto à retomada dos investimentos, o gerente-executivo da CNI foi enfático ao dizer que a recuperação que se apresenta ainda não permitiu a volta de gastos em ampliação de plantas e para o uso da capacidade instalada. "A ociosidade faz com que haja queda nos investimentos. Enquanto houver ociosidade, não faz sentido investir", comentou.
Balança comercial
Além do crédito, a queda das exportações despontam como um dos principais problemas para a indústria. Nas projeções feitas pela CNI, o volume em dólares das exportações foram revisados para baixo em U$$ 5,5 bilhões, valor da comparação entre março e abril. Mesmo com o resultado ruim, a balança fica um pouco mais equilibrada por causa das expectativas de importações, diminuídas em U$$ 9 bi.
Nos cinco primeiros meses do ano, o Brasil vendeu 23% menos ao mundo ante igual período de 2008. O desemprenho só não foi pior por causa da comercialização de produtos básicos, que continuaram a crescer mesmo após o acirramento da crise, em outubro de 2008. No acumulado do ano, a quantidade de produtos básicos exportados tiveram alta de 5%. Os semi-faturados registraram queda de 14% no volume e os manufaturados, 29%.