Economia

Mulher de Madoff diz que sente "imensa dor" por vítimas de fraude

postado em 29/06/2009 14:27
A mulher do financista americano Bernard Madoff, Ruth, divulgou nesta segunda-feira (29/06) uma nota na qual diz que sente uma "imensa dor" pelas histórias de perdas de pessoas cujas economias "evaporaram" com o golpe do marido - um esquema de fraude estimado em US$ 65 bilhões através de uma pirâmide financeira. "Muitos dos investidores de meu marido eram meus amigos e meus familiares. E desde dezembro, eu li, com imensa dor, as histórias de sofrimento das pessoas cujas economias evaporaram por causa desse crime", disse Ruth Madoff, na nota. [SAIBAMAIS]No texto ela diz que quando soube do golpe praticado por Madoff, soube também que "muitas pessoas que confiaram nele seriam arruinadas financeira e emocionalmente" e que "a vida com o homem que conheci por mais de 50 anos havia acabado". "Estou quebrando o silêncio agora porque minha relutância em falar tem sido interpretada como indiferença ou falta de simpatia pelas vítimas do crime de meu marido, o que é o exato oposto da verdade." "Vidas foram reviradas e investimentos foram eliminados. Todos que foram tocados por essa fraude se sentem traídos; não acreditam no pesadelo do qual acordaram. Estou constrangida, envergonhada. Como todos, me sinto traída e confusa. O homem que cometeu essa terrível fraude não é o homem que conheci por todos esses anos", diz a nota. "No fim, dizer que estou devastada pelos muitos a quem meu marido destruiu é realmente inadequado. Nada que possa dizer parece suficiente, considerando o sofrimento diário que todas aquelas pessoas inocentes estão enfrentando por causa de meu marido. Mas, se é que isso interessa a elas, saibam que não se passa um dia em que eu não sinta dor pelas histórias que li e ouvi." 150 anos Madoff foi condenado hoje a 150 anos de prisão pela fraude. A pirâmide de Madoff, 71, é considerada a maior fraude financeira da história, superando a quebra fraudulenta da empresa americana de energia Enron, em 2001 - ela declarou falência após reconhecer que havia contabilizado centenas de créditos como operações de compra e venda, com prejuízo de US$ 63,4 bilhões. A punição era a maior possível para os 11 crimes praticados na montagem e manutenção da pirâmide e foi determinada pelo juiz federal Denny Chin, da Corte Federal de Manhattan, em Nova York. Os advogados de defesa de Madoff tinham pedido uma condenação por 12 anos --ele não poderia ser absolvido porque era réu confesso. Já os promotores foram atendidos no pedido de pena máxima. Após a sentença ser anunciada por Chin, aplausos irromperam na sala de audiências onde ocorreu o julgamento. Preso em dezembro do ano passado após a descoberta do esquema fraudulento de US$ 65 bilhões, Madoff, ex-diretor da Bolsa Nasdaq, assumiu sua culpa. Sobre ele pesavam 11 acusações, entre elas lavagem de dinheiro, perjúrio e fraude, cujas penas somadas davam os 150 anos a que foi condenado. Ponzi No esquema conhecido como pirâmide financeira ou Ponzi, Madoff prometia retornos altos e fixos aos investidores, porém esse dinheiro não vinha do rendimento das aplicações, mas da entrada de novos clientes. O esquema de Madoff começou a ruir com a crise financeira global. Preocupados com o rumo da economia, diversos investidores tentaram resgatar seus recursos, fazendo com que a pirâmide não fosse mais sustentável. Bancos europeus e americanos, empresários, atletas e celebridades estão na lista de de potenciais vítimas da fraude. Aparecem na relação várias sociedades financeiras, principalmente europeias e americanas, grandes e pequenas, que asseguram ter investido na estrutura piramidal organizada por Madoff. Entre elas há fundos através dos quais investiram bancos como o BBVA, Bank of America, UBS, BNP Paribas, Bank of New York Mellon e Credit Suisse. Já entre as pessoas há famosos como o apresentador de televisão Larry King, os atores John Malkovich e Kevin Bacon ou o empresário imobiliário Larry Silverstein, e até pessoas ligadas ao financista, como seus filhos Mark e Andrew e seu irmão, Peter. Entre os nomes na lista também estão o do jogador de beisebol Sandy Koufax, o do senador democrata Frank Lautenberg e o do multimilionário Fred Wilpon, dono do time de beisebol New York Mets.

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