Economia

Bird prevê retorno lento e desigual do crescimento à América Latina em 2010

Agência France-Presse
postado em 03/07/2009 12:01
A América Latina sofrerá este ano um impacto forte na economia, com uma contração de entre 2,0 e 2,5%, mas o crescimento voltará em 2010, em uma recuperação lenta e desigual, segundo o Banco Mundial (Bird). A estimativa para 2009 representa uma revisão para baixo do último relatório do organismo sobre a região, de abril, quando a previsão era de uma queda média regional de entre 0,5% e 1,5%. A crise global, segundo o Bird, vai atingir a região em cinco aspectos: a América Latina registrará a primeira recessão em sete anos, a pobreza e o desemprego aumentarão, o financiamento externo ficará menor e vai cair o valor das remessas enviadas pelos trabalhadores imigrantes, uma fonte financiamento vital para alguns países. Para 2010, o Bird prevê um retorno lento do crescimento, entre 1 e 2%, mas desigual entre os países da região. A pobreza vai aumentar 1,1%, já que a crise empurrará mais de oito milhões de latinoamericanos à pobreza. Em 2008, 181,3 milhões de moradores do continente eram pobres. Segundo o Banco Mundial, a crise será especialmente dura com a classe média, em consequência da queda da demanda por exportações não tradicionais que tendem a empregar trabalhadores formais, urbanos e tecnologicamente mais avançados. O desemprego também vai crescer na região e o valor dos salários deve registrar queda, o que aumentará a informalidade. Outro relatório divulgado nesta sexta-feira pela Comissão Econômica para América Latina (Cepal) destaca que a taxa de desemprego aumentará em mais de 1% em 2009. Na véspera, o presidente do Bird, Robert Zoellick, destacou, no entanto, a posição vantajosa dos maiores países da América Latina para enfrentar a crise econômica. "Tendo trabalhado com crises durante os anos 80 e 90, o que mais chama a atenção é como a América Latina lida com esta crise em uma posição diferente", disse Zoellick, após uma reunião com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, em Santiago. "Obviamente, há uma grande diversidade entre cada país, mas alguns países, incluindo os maiores - como Brasil, México, Colômbia, Peru e Chile - lidaram com a crise de uma posição boa", estimou o presidente do Bird. De acordo com Zoellick, os fatores que influenciam este melhor posicionamento incluem orçamentos mais fortes, maiores reservas, melhor posição comercial e um manejo flexível do tipo de câmbio. "Além disso, passam por uma boa base no que diz respeito à proteção social", estimou. Zoellick ponderou, no entanto, que o bom panorama não significa que estes países vão escapar incólumes da crise, mas "têm mais flexibilidade como para combatê-la". "Um dos desafios que vários países vão ter que enfrentar é a dificuldade para ter acesso ao financiamento internacional para apoiar alguns de seus programas", alertou. Zoellick lembrou ainda que a América Latina foi a região que mais recebeu recursos do Banco Mundial no ano fiscal concluído na última quarta-feira, com mais de 17 bilhões de dólares de um total de 59 bilhões investidos em todo o mundo.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação