Economia

País deve criar até 700 mil empregos formais este ano, diz Mantega

postado em 06/07/2009 13:23
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta segunda-feira (6/07) que, apesar de ser afetado pela crise internacional, o Brasil deve apresentar uma criação líquida de 500 mil a 700 mil empregos formais em 2009. O ministro referiu-se à geração de postos de trabalho com carteira assinada computada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. "No ano passado criamos 1,6 milhão de empregos. Este ano será um pouco menos, mas, mesmo assim, haverá geração de postos (formais) de trabalho", disse. Durante cerimônia de posse do novo presidente da Nossa Caixa, Demian Fiocca, hoje, Mantega fez um balanço da conjuntura econômica nacional e das ações de políticas fiscal e monetária anticíclicas que o governo adotou para atenuar os efeitos da recessão mundial sobre o País. Ele ressaltou que a ação dos bancos públicos está sendo fundamental para restabelecer a normalidade da concessão de crédito e, cada vez mais, vão atuar para elevar a concessão de financiamentos e reduzir os juros de tais operações. "Eu espero que os bancos privados voltem a aumentar a concessão de crédito devido à concorrência que os bancos públicos vão fazer. Se não aumentarem o crédito, vão perder clientes para os bancos públicos. E é isso mesmo o que a gente deseja - maior competição e elevação da concessão de empréstimos por parte dos bancos públicos e bancos comerciais", afirmou. Compulsório O ministro afirmou ainda que, devido à liberação de R$ 100 bilhões de depósitos compulsórios (parte dos recursos captados pelos bancos junto aos clientes que têm de ser recolhidos ao Banco Central) para bancos comerciais, redução da taxa básica de juros, Selic, desde janeiro deste ano e incentivos fiscais para aumentar a demanda agregada, como a redução de impostos para compra de carros, produtos de linha branca (fogão, geladeira e lavadora) e material de construção, os estoques das fábricas "já foram consumidos". Para ele, o setor industrial deve manter uma trajetória crescente, em base mensal, até o fim deste ano, o que permitirá ao País registrar crescimento no segundo semestre de 2009. "O segundo semestre será melhor que o primeiro. No último trimestre (deste ano) poderemos ter uma expansão de 3% a 4% do PIB (Produto Interno Bruto, em relação ao mesmo período do ano passado) como prevê boa parte dos analistas". O ministro ressaltou que, em 2009, o País pode registrar uma leve expansão. "Para 2010, poderemos atingir uma alta do PIB de 4% a 4,5% tranquilamente e, em 2011, avançar de 5% a 5,5% restabelecendo, assim, a nossa trajetória de crescimento". Mantega afirmou que o crédito na economia brasileira está se restabelecendo, mas ainda não voltou à normalidade em relação ao que era registrado antes da piora da crise internacional, em setembro do ano passado. Ele afirmou que o governo poderá tomar medidas adicionais, como o aumento da liberação de depósitos compulsórios de forma direcionada para algumas áreas, caso o Poder Executivo julgue necessário. "Poderá haver novas liberações de compulsórios se o governo achar necessário para irrigar alguns segmentos específicos." Mas o ministro frisou que uma eventual liberação de uma parcela desses recursos que estão em poder do BC terá contrapartidas que serão exigidas dos bancos comerciais. "Não vamos dar de graça, porque o compulsório não é remunerado. Sempre tem uma contrapartida, por exemplo, ou você empresta para fazer investimento e ganha uma taxa menor (de rentabilidade) ou continua com compulsório não remunerado", disse. Superávit primário O ministro da Fazenda afirmou ainda que o governo vai manter a meta de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de superávit primário (economia que o governo faz para pagamento de juros da dívida) em 2009 e que, em 2010, tal poupança do Orçamento deve subir e retornar para 3,3% do PIB. "O superávit primário deste ano será aquele já anunciado por nós, de 2,5%. Estamos fazendo um superávit primário menor este ano para poder fazer as medidas anticíclicas que estão dando muito certo", comentou. "Mas isso não compromete as contas públicas. Nós continuamos mantendo a relação dívida/PIB baixa e, para o próximo ano, voltaremos para o superávit primário de 3,3% do PIB". O ministro ressaltou que o governo vai manter seu cronograma de investimentos públicos e a liberação de recursos para programas sociais, como o Bolsa Família, ao mesmo tempo que as contas públicas permanecerão sólidas e o País manterá a estabilidade fiscal. "Em nenhum momento, eu pensei em reduzir mais o superávit primário para este ano. Alguns andavam falando em primário zero. Isto não é verdade, pois nós vamos manter a meta do superávit e também a solidez das contas públicas brasileiras", comentou.

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