postado em 09/07/2009 08:00
O consumidor que procurou fugir do frio intenso desta época sentiu no bolso os efeitos da inflação. Nos últimos 12 meses terminados em junho, os preços de roupas, calçados e acessórios ficaram 2,63% mais altos quando comparados com os praticados pelo varejo em igual período do ano passado. Em Brasília, onde a renda per capita é a mais elevada do país, o ajuste foi responsável pela maior pressão no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que registra valorização de 6,92% em todo este ano.
Dos cinco subgrupos com maior peso no item vestuário, apenas o item calçados teve deflação no primeiro semestre de 2009. O produto também registrou crescimento negativo no acumulado dos últimos 12 meses terminados em junho. E foi a única contribuição para que a inflação do vestuário nos primeiros seis meses do ano ficasse abaixo de 1%.
O reajuste maior no DF tem uma explicação. ;Brasília é uma cidade onde, por terem uma renda mais elevada, as pessoas acabam gastando mais com produtos que não (sejam) de subsistência, o que explica essa valorização dos preços do vestuário;, avalia o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV). ;E quando o clima esfria, não tem isso de preço caro, o brasiliense corre às lojas e compra mesmo, porque é um consumidor que não tem costume de estocar agasalho;, afirma a comerciante Angela Cavalher, da Gabinete do Fio, loja que chega a vender até 20% mais na época de inverno.
O frio ajudou nas vendas do comércio em todo o país. Segundo dados do Indicador Serasa Experian de Atividade, junho foi o mês que o brasileiro mais comprou no primeiro semestre, correspondendo a uma alta de 1,7% nas vendas ante maio, descontando os ajustes sazonais. O sexto mês do ano foi influenciado pelo frio forte proveniente das regiões Sul e Sudoeste, o que ajudou a reduzir as temperaturas em todo o país e a provocar uma sensação térmica de inverno mais rigoroso dos últimos nove anos. ;Esse clima foi provocado pela maior presença de nuvens e pela baixa atividade do sol, que registrou, até junho, o menor nível dos últimos 60 anos;, detalha o meteorologista Expedito Rebello, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
; Áudio: entrevista com o meteorologista Expedito Rebello, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)