Economia

Bons resultados fazem empresas de cosméticos elevar de 5% para 11% projeção anual de expansão

postado em 10/07/2009 08:00

O mercado de cosméticos no Brasil está imune à crise. O volume de vendas segue em ascensão em meio à turbulência mundial e à incerteza sobre a manutenção de empregos. Os brasileiros, especialmente as mulheres, também não têm migrado para linhas baratas, o que mostra que os itens de beleza e higiene pessoal tornaram-se indispensáveis nas listas de compra.

Fabiane, publicitária: É o poder da indústria da vaidade. Tanto que a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) revisou a meta de expansão para este ano de 5% para 11%, tendo em vista o desempenho do primeiro semestre, que ficou 18% acima em comparação a igual período de 2008. ;O resultado definitivo poderá ser ainda maior que 18%;, ressalta João Carlos Basilio, presidente da Abihpec. ;O primeiro semestre teve crescimento muito acima da expectativa. Como tradicionalmente o segundo semestre traz uma aceleração no ritmo de vendas, tudo indica que em 2009 o crescimento real (descontada a inflação) do setor será de 11% ou até maior;, projeta.

Em 2008, o setor faturou R$ 21,7 bilhões, 10,6% maior frente a 2007. Entre os fatores que contribuem para bons resultados seguidos, Basilio destaca o aumento da renda do brasileiro, o hábito das pessoas em usar cosméticos e a manutenção do ritmo de investimentos e de lançamentos das empresas, mesmo na crise.

As mulheres são as principais responsáveis por esse boom. Em Brasília, a publicitária Fabiane Amaral é um exemplo desse mercado. Sempre que seus itens de maquiagem, perfume e hidratante acabam, ela renova seus estojos em lojas especializadas, onde gasta, em média, R$ 100. ;No fim do ano então, chego a gastar R$ 500 na brincadeira;, conta. ;Na Europa é muito mais barato comprar produtos de beleza e a diferença de preço é grande, mas vi mais pessoas deixando de comprar lá do que aqui;, comenta a consumidora, que acaba de voltar da Inglaterra e Moçambique.

A estudante Sarah Pereira de Souza gasta cerca de R$ 30 por mês e sempre compara valores. ;Notei que aumentaram os preços de lápis de olho, gloss, produtos para cabelo;, observa. ;Os meios estão divulgando: ;Consuma mais;. Logo, as pessoas estão, também, comprando mais artigos de beleza. Afinal de contas, a vaidade não pode ser deixada de lado;, acrescenta.

Investimento
Com participação de 8,6% do mercado mundial de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, o Brasil ocupa a terceira posição do ranking de 2008 divulgado pelo Euromonitor, atrás apenas dos EUA e do Japão. No mercado brasileiro, os cosméticos têm peso de 88% nas vendas diretas, feitas por catálogos por meio de vendas de porta em porta. ;A venda direta passou ao largo da crise. Como não é dependente de crédito, não é afetada como outros setores;, observa Lírio Cipriani, presidente da Associação Brasileira de Vendas Diretas.

O relançamento de itens acessíveis e a apresentação de produtos sofisticados foram responsáveis pela ampliação de 12% nos negócios da Avon no primeiro trimestre. ;Uma coisa importante é a relação custo-benefício dos nossos itens e os produtos de luxo por um preço acessível;, diz Elisabete Rodrigues, gerente de Marketing da companhia. A executiva destaca o relançamento da linha de colônias refrescantes, que custam a partir de R$ 9, de óleos corporais, a partir de R$ 15,99, e de promoções, que podem chegar a R$ 6,99.

Com a entrada da Avon no segmento de coloração para cabelos, que representa 20% desse mercado, Elisabete avalia que o crescimento será mantido. Acreditando nisso, a companhia elevou os investimentos em mídia e em estrutura, com destaque para o centro de distribuição em construção em Cabreúva (SP), com aporte de US$ 150 milhões e inauguração prevista para 2010. ;Será o maior centro de distribuição do mundo;, informa Elisabete.

Consumo
Algumas empresas acreditam que a crise pode até ter beneficiado o setor. O resultado da Nivea, por exemplo, mostra alta de 17,4% nas vendas do primeiro trimestre na comparação com 2008. ;Quando analisamos as categorias, vemos que o consumo não caiu. Por quê? Porque os produtos são de uso diário, como desodorante, loção para o corpo e sabonete. Às vezes, as pessoas deixaram de comprar um carro, um eletrodoméstico para investir em si mesmas;, ressalta Nicholas Fischer, presidente da Nivea.

Desde 2005, a Nivea fixou metas de aumento do faturamento de 15% ao ano no Brasil, número que está mantido para 2009. ;O que vemos aqui no Brasil é que para a consumidora brasileira, beleza é fundamental;, reforça. A companhia não cortou nenhum centavo da verba de marketing para país, ao contrário da Europa, onde a previsão de queda do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano é de 6%. Devido à tradição da marca, Fischer acredita que a companhia tenha sido beneficiada com a vinda de consumidores de marcas premium para a Nivea, que têm preços mais acessíveis.

O Boticário acredita que vai ultrapassar a meta de 16% a 18% de expansão este ano. Um dos sinais é que o valor médio entre R$ 65 e R$ 70 gasto pelos consumidores nas lojas não baixou. ;A inserção da mulher no mercado de trabalho continua pujante. Também temos portifólio amplo, com mais de 700 produtos em mais de 2,7 mil pontos de venda;, ressalta Andrea Mota, diretora de Marketing. Até o fim do ano, serão abertas 100 lojas no país. Até 2012, o investimento da companhia soma R$ 170 milhões, sendo a metade destinada ao centro de distribuição em construção em Registro (SP).

Um dos lançamentos de destaque foi a linha de batons a R$ 9,90. Andrea explica que o produto atraiu novos clientes e que os consumidores tradicionais aproveitaram para comprar vários, para ter um batom para cada ocasião.

; Look moderno exige pele cuidada

Confira abaixo orientações da maquiadora sênior da M.A.C,
Fabiana Gomes, para você não errar na mão ao preparar o visual.

1. Preparação da pele: a sensualidade dos olhos esfumados e o glamour de uma bela boca vermelha não existiriam sem uma pele corrigida e construída. Para obter esse resultado, é imprescindível hidratar e preparar. Existem ótimas opções de preparadores, que podem minimizar a aparência dos poros e amenizar linhas finas.

2. O tom da pele e a cor da maquiagem: Atenção ao acabamento refinado, aos tons e sobre tons. Teoricamente, devemos seguir algumas regras, mas subverter é sempre desafiador. Por que não usar lilás em peles negras? Podemos tornar isto sedutor? Sim.

3. O básico de maquiagem: preparar a pele (uso de hidratantes, bases e corretivos). Além disso, a aplicação do blush devolve aspecto natural ao rosto. Para os lábios, hidratante com cor dá aspecto leve e sensual. Para finalizar o look "nasci assim", uma máscara natural nos cílios. Para as loiras, o marrom fica incrível, sexy e honesto.

4. Os principais erros ao se maquiar: corretivo muito claro que não corrige, apenas chamam atenção para o que queremos disfarçar, talvez seja o maior deles. E bases que contrastam com a cor do colo e do corpo.

5. As tendências para o inverno: pele matificada com suaves contornos e brilhos em áreas específicas.

6. A adaptação de um visual de passarela ao dia a dia:
nas passarelas, vemos o conceito. Para o dia a dia, devemos adaptar. Se a boca do desfile do Alexander McQueen era vermelha e grande, com efeito clown, podemos adaptar e realizar uma boca marcada e definida em tons intensos e vibrantes.

7. Os novos clássicos: existem os clássicos de cada época, e os atuais clássicos são inegavelmente os "tapetes vermelhos": se Angelina Jolie aparece de delineador, todas vão querer delineador! Os olhos pretos esfumados também são o novo clássico.

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