Agência France-Presse
postado em 14/07/2009 19:51
As vendas no varejo nos Estados Unidos aumentaram em junho pelo segundo mês consecutivo, mas o consumo - vital para que o país volte a crescer - ainda não consegue se recuperar.
Prevendo uma recuperação da economia no segundo semestre, as autoridades de Washington esperam que os americanos voltem às lojas estimulados pelo bilionário plano de reativação aprovado em fevereiro e pelas medidas do Federal Reserve (Fed) para desbloquear o mercado de crédito ao consumidor.
[SAIBAMAIS]Mas, diante do aumento do desemprego e da queda contínua dos preços no mercado imobiliário, que empobrece os proprietários de imóveis (mais de 67% das famílias), os americanos se mostram prudentes, dando preferência à redução de suas dívidas e economizando.
Segundo dados corrigidos por variações sazonais publicados nesta terça-feira pelo departamento de Comércio em Washington, as vendas dos distribuidores e das empresas de reposição aumentaram em junho pelo segundo mês consecutivo, 0,6% em relação a maio (contra 0,5% no mês anterior).
A alta é maior que o esperado pelos analistas, que estimavam variação de 0,4%.
No entanto, se excluídas as vendas de gasolina (submetida a fortes variações de preços) e de automóveis (sujeitos a flutuações importantes entre um mês e outro), o índice registrou sua quarta queda seguida, de 0,2%.
Uma vez que este índice não leva em consideração as variações de preços, ele foi artificialmente inflado pela alta da atividade nos postos de gasolina (alta de 5% em um mês), em consequência do encarecimento da gasolina em junho (elevação de 18,5%), segundo números publicados pelo departamento do Trabalho.
A alta das vendas de automóveis (2,3%) também teve papel importante. No entanto, segundo Michael Gregory, economista da BMO Capital Markets, o desempenho foi provocado apenas por um efeito de preços, porque o volume de vendas caiu.
Dos 13 itens que compõem o índice de vendas varejistas, seis caíram em junho e um se manteve estável.
"O frenesi das compras ainda não voltou", disse o economista independente Joel Naroff, estimando que "os gastos de consumo das famílias não deve ter contribuído muito para o crescimento no segundo trimestre".
Para Elsa Dargent, economista da Natixis, a situação é a inversa: "Dada a debilidade do índice de base das ventas varejistas durante os três últimos meses (...), o consumo deveria ter caído no segundo trimestre".
As vendas varejistas fornecem uma ideia aproximada sobre a tendência do consumo das famílias, que normalmente representa mais de dois terços do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos.
Depois de despencar no segundo semestre de 2008, o consumo aumentou 1,4% em ritmo anual no primeiro trimestre, mas não impediu uma queda de 5,5% do PIB.
O departamento do Comércio deve publicar no dia 30 de julho sua primeira estimativa do PIB para o segundo trimestre, que deve registrar queda - embora menor que nos três meses iniciais - da atividade pelo quarto trimestre consecutivo.