Economia

Cena externa e realização de lucro forçam saída de estrangeiros da Bovespa

postado em 16/07/2009 16:22
Um misto de temor sobre o desempenho da economia americana e dos juros nos Estados Unidos e a realização de lucros após meses seguidos de altas no mercado acionário local foram os responsáveis pela forte saída dos estrangeiros da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) na primeira quinzena deste mês. Segundo dados da Bovespa, o saldo dos investimentos estrangeiros recuou US$ 2,119 bilhões nos primeiros 13 dias de julho - mais que o dobro dos US$ 1,093 bilhão retirados durante todo o mês de junho. [SAIBAMAIS]Para Hersz Ferman, economista da Um Investimentos, o movimento é normal visto as circunstâncias econômicas, e não representa um problema para o mercado de ações brasileiro. "Nós subimos dos 29 mil pontos (no Ibovespa, principal indicador da Bolsa brasileira) para 55 mil muito rápido. É um preço que não é barato, perto do que estava antes, então isso levou os investidores a realizar lucro", explicou. Já Miguel Daoud, analista da Global Financial Advisor, lembra que nas últimas semanas pipocaram muitos problemas nos Estados Unidos, que fizeram os investidores se retraírem --o que inclui os movimentos na Bovespa. O principal dos motivos, disse ele, foi a possibilidade da taxa básica de juros americana voltar a subir. "Havia um forte sentimento de que o governo dos Estados Unidos fosse aumentar as taxas de juros em função do déficit [que só no atual ano fiscal já passou de US$ 1 trilhão, um recorde absoluto], pois precisavam de condições mais confortáveis para financiar a dívida. Isso ficou claro com a alta dos juros futuros", explicou. "Com juros maiores, os investidores tiram recursos do mercado acionário em vários países, o que não nos exclui." Mas os economistas não creem que o movimento de saída dos estrangeiros continuará - pelo menos até que algum dado macroeconômico relevante justifique essa ação. "Boa parte dos estrangeiros entrou para ficar no mercado. Outra parte entrou para especular, e são eles que saíram. Mas são a minoria", disse Ferman. "Por isso não é muito preocupante." Mesmo com a saída de recursos neste mês, no acumulado do ano o saldo ainda é positivo em R$ 7,988 bilhões. Daoud disse que, inclusive, o saldo voltou a subir nos últimos dois dias. "Desde ontem a saída foi revertida por causa do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), que disse não ver sinais de alta da inflação", disse. "Daqui para frente vai depender das notícias do dia a dia."

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