postado em 16/07/2009 19:52
O trem-bala Campinas/São Paulo/Rio de Janeiro custará, para ficar pronto, R$ 34,626 bilhões. O valor consta de estudo encomendado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e divulgado nesta quinta-feira (16/7) pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O valor é 57,4% superior à previsão inicial do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de US$ 11 bilhões (aproximadamente R$ 22 bilhões)
Somente as obras civis custarão R$ 24,583 bilhões ou 71% do total estimado. As desapropriações e medidas socioambientais que terão de ser tomadas por conta da obra responderão por 11,3% dos custos, ou R$ 3,894 bilhões. A aquisição dos sistemas e equipamentos representará R$ 3,409 bilhões (9,8%) e o material rodante, mais R$ 2,739 bilhões ou 7,9%
O diretor-geral da ANTT, Bernardo Figueiredo, disse à Agência Estado que o que faz os custos do trem-bala serem elevados são principalmente fatores relacionados ao seu trajeto. "É o fato de ter muito túnel e a subida da Serra das Araras. Nesse trajeto, ele tem condições especiais, que levam ao custo mais alto do que se o terreno fosse plano", disse. "Quando se fez o PAC, não havia projeto ou estudos traçados. Só o que se fez foi uma estimativa preliminar. Aquilo era apenas uma referência", disse
O diretor, entretanto, ressalta que, apesar do alto custo, o projeto é viável. Segundo ele, é preciso agora analisar qual será o suporte que terá que ser dado pelo Estado para a construção. Figueiredo já disse em outras ocasiões que o projeto trem-bala não deveria ser feito apenas com recursos privados. Segundo ele, em cerca de 10 dias, será completada a avaliação econômica e financeira do projeto na qual constará qual deverá ser a fatia de participação do governo
Fluxo de passageiros
O estudo divulgado pela ANTT mostra que, se o trem-bala já existisse em 2008, ele absorveria cerca da metade do fluxo de passageiros que fazem o trajeto Rio-São Paulo. Segundo o estudo, em 2008, 7,3 milhões de pessoas fizeram a viagem entre as duas cidades. Deste total, 3,5 milhões teriam usado o trem-bala, de acordo com o levantamento, e 2,3 milhões teriam feito de avião. O restante teria feito a viagem em automóveis ou ônibus
O trabalho calcula ainda que, em seu primeiro ano de funcionamento, previsto para 2014, o trem-bala deverá gerar uma receita total de R$ 2,3 bilhões, incluindo os serviços expressos de São Paulo ao Rio e do Rio a Campinas e os regionais como, por exemplo, do Rio de Janeiro a São José dos Campos ou de Volta Redonda a Campinas. Em 2024, a receita anual estimada pularia para R$ 3,5 bilhões e, em 2044, a receita por ano seria de R$ 5 7 bilhões
O documento também estima que, no primeiro ano de atividades, em 2014, o serviço contaria com 42 trens operando, sendo que 14 fariam viagens expressas e 25 operariam os trajetos regionais. Outros três ficariam na reserva. Em 2024, a quantidade de composições saltaria para 84, sendo 28 no serviço expresso, 50 nos regionais e seis na reserva
A ANTT também calcula que, nos horários de pico, ou seja, no início da manhã e no final da tarde, os serviços expressos contariam com três trens por hora na mesma direção. Com isso, o intervalo de saída entre uma composição e outra seria de 20 minutos. Fora do horário de pico, esse intervalo aumentaria para 40 minutos. Os trens teriam 458 assentos no serviço expresso e 600 assentos no serviço regional. O serviço expresso sairia de São Paulo no Campo de Marte, na zona norte, e chegaria ao Rio na Barão de Mauá. O tempo da viagem é estimado em uma hora e 33 minutos, a uma velocidade de aproximadamente 280 quilômetros por hora