postado em 21/07/2009 12:26
O presidente do Fed (Federal Reserve, o BC americano), Ben Bernanke, disse nesta terça-feira (21/07) que a economia americana ainda está muito fraca para que a autoridade monetária possa voltar a elevar sua taxa de juros - atualmente em uma margem de variação entre zero e 0,25% ao ano.
[SAIBAMAIS]Apesar das recentes melhoras na economia e nos mercados financeiros americanos, a taxa de juros do Fed deve permanecer no atual patamar ainda por algum tempo. " À luz da considerável fraqueza da economia americana e das pressões inflacionárias limitadas, a política monetária continuará voltada para estimular a recuperação econômica", disse Bernanke, em um discurso preparado para ser apresentado hoje, no primeiro dos dois dias em que será sabatinado no Congresso.
"No entanto, acreditamos ser importante garantir ao público e aos mercados que as medidas extraordinárias que adotamos em resposta à crise financeira e à recessão podem ser removidas de forma suave e no tempo apropriado quando for necessário, evitando assim o risco de que os estímulos possam levar a uma futura alta na inflação", afirmou.
Em artigo publicado ontem pelo diário financeiro americano "The Wall Street Journal" ("WSJ"), Bernanke disse que o Fed terá de controlar as medidas de ajuste para prevenir inflação à medida em que a economia americana voltar a crescer, mas destacou que as condições econômicas não devem requerer uma política rigorosa por um longo período.
"De modo geral, o Federal Reserve tem muitos instrumentos eficazes para apertar a política monetária quando a perspectiva econômica exigir. Tal como eu e meus colegas temos afirmado, no entanto, as condições econômicas não parecem exigir uma política monetária apertada por um longo período", disse Bernanke no artigo.
Hoje, ele disse "estar confiante em que o banco tem as ferramentas para elevar os juros quando isso for necessário para alcançar os objetivos do pleno emprego e da estabilidade de preços".
Em março, o Fed anunciou a elevação a US$ 1,250 trilhão nos recursos destinados para socorrer o mercados imobiliário. O banco apresentou então planos para comprar outros US$ 750 bilhões em títulos lastreados em hipotecas, além dos US$ 500 bilhões para esse fim anunciados em novembro.
O Fed anunciou à época também que, visando colocar mais crédito em circulação entre as instituições privadas, vai adquirir até US$ 300 bilhões de títulos do Tesouro de longo prazo nos próximos seis meses. Além disso, o BC americano elevou de US$ 100 bilhões para US$ 200 bilhões o valor para comprar papéis de dívida emitidos diretamente pelas três empresas hipotecárias que contam com apoio do governo - a Fannie Mae, a Freddie Mac e a Ginnie Mae.
Mercado
Bernanke fez uma avaliação positiva da situação do mercado financeiro e da economia, mas ressaltou que o sistema financeiro continua sob pressão e o mercado de trabalho ainda está fraco.
No último dia 15, o Fed divulgou a ata da reunião do banco, realizada nos dias 23 e 24 de junho, na qual informou que estima que a taxa de desemprego nos Estados Unidos neste ano poderá chegar a 10,1% neste ano, mesmo com a diminuição no ritmo de queda da economia.
A expectativa do banco é que a economia americana registre uma contração de 1% a 1,5% neste ano - previsão melhor que a feita em maio, quando a expectativa do banco era de contração entre 1,3% e 2%.
"A insegurança no emprego, além das quedas nos preços dos imóveis residenciais e do crédito restrito, deve limitar os ganhos nos gastos do consumidor", afirmou hoje o presidente do Fed.
Orçamento
Ele ainda pediu aos legisladores americanos que comecem a trabalhar na redução da intensidade dos estímulos fiscais, alegando que o planejamento para que o Orçamento volte ao equilíbrio precisa começar agora.
"A menos que demonstremos um forte compromisso com a sustentabilidade fiscal, nos arriscamos a não conseguir nem estabilidade financeira nem crescimento econômico durável.".
No último dia 13, o Departamento do Tesouro informou que o déficit fiscal americano foi de US$ 94,32 bilhões no mês de junho, atingindo US$ 1,086 trilhão no acumulado do ano fiscal, iniciado em outubro do ano passado. No mesmo período do ano passado, o déficit era de "apenas" US$ 285,85 bilhões.