Economia

Endividamento das famílias piorou qualidade do crédito

postado em 21/07/2009 17:07
O aumento do consumo das famílias, um dos pilares do crescimento econômico em 2008, fez com que a qualidade do crédito à pessoa física recuasse 1,25% no país, quando comparados os primeiros semestres de 2007 e 2009. Dados da Serasa Experian divulgados nesta terça-feira (21/07) mostram que o índice que mede o risco de calote do brasileiro passou de 20,05%, no seis primeiros meses de 2007, para 21,05%, em igual período deste ano. [SAIBAMAIS]Os dados foram projetados com base no sistema de avaliação de risco da Serasa, que dá notas de 0 a 100 para a qualidade do crédito à pessoa física no país. Quanto mais próximo de zero for a nota, maior o risco de calote. No segundo trimestre de 2009, a nota geral que mede a qualidade no crédito foi de 78,9 pontos, o que representou uma queda de 0,1% quando comparada com o trimestre imediatamente anterior. A comparação entre semestres mostrou-se pior em 2009 quando confrontada com os resultados de 2008 (recuo de 0,56%), período em que ainda não havia eclodido a crise financeira mundial. "Isso mostra que a qualidade no crédito, pelo menos à pessoa física, não sofreu os impactos da turbulência internacional, já que essa queda vem se acentuando desde 2007", explicou o gerente de indicadores da Serasa Experian, Luis Rabi. Conjuntura Luis Rabi detalhou que essa piora na qualidade no crédito se deveu ao crescimento do consumo e, em seguida, ao endividamento das famílias, que passaram a puxar a demanda interna e acabaram se refletindo numa maior possibilidade de calote. Em nota, a empresa destaca que "a elevação da inadimplência, agravada conjunturalmente pelas medidas de aperto monetário, com elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e da taxa básica de juros (Selic) executadas pela Autoridade Monetária (Banco Central) em parte relevante de 2008" acabaram por consolidar o cenário de inadimplência no país. "Tais constatações são reforçadas pelo fato de que a mudança de patamar verificado pelo Indicador Serasa Experian de Inadimplência das Pessoas Físicas ocorreu ainda no 3º trimestre de 2008, oscilando ao redor de 10% (do total do crédito) desde então, reagindo apenas marginalmente ao agravamento da crise financeira internacional", disse a empresa, em nota. Região O Centro-Oeste foi a região com o segundo pior desempenho no índice, com 77 pontos, perdendo apenas para o Norte, com 75,2. Segundo explicou Luis Rabi, apesar da região sofrer impacto dos altos salários pagos em Brasília, a baixa renda per capita das cidades que compõe a região influenciou negativamente na nota do Centro-Oeste. O Sul, com 83,8 pontos, foi a região com a melhor qualidade no crédito. Em seguida vieram o Sudeste (79,2) e o Nordeste (77,5). "No Sul, apesar da renda ser menor que a do Sudeste, há uma distribuição melhor dos rendimentos, o que contribuiu para que o risco de calote fosse mais baixo", detalhou Luis Rabi.

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