Daniel Pereira
postado em 24/07/2009 08:11
O presidente Lula vem dizendo em alto e bom som a seus assessores que não permitirá o aumento da taxa básica de juros (Selic) em 2010, como prevê boa parte dos analistas. ;Não há a menor hipótese disso acontecer;, tem frisado Lula, indicando que está disposto a mexer em um vespeiro ; a autonomia do Banco Central ; em prol da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Para o presidente, é fundamental que a economia esteja funcionando a pleno vapor ao longo do próximo ano, ampliando a oferta de emprego e a renda, que costuma render muitos votos. Segundo assessores próximos de Lula, juros em alta dariam um tranco desnecessário no crescimento. E o país, na sua opinião, já pagou caro pela crise mundial[SAIBAMAIS]Os mesmos assessores asseguram que Lula ouviu garantias firmes do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de que não haverá necessidade de se aumentar a Selic no meio das eleições, pois os riscos inflacionários que o mercado prevê não se confirmarão. Pelos modelos do BC, a inflação ficará na casa dos 4% até a primeira metade de 2011, mesmo que a economia volte a crescer em um ritmo superior a 4%. É bom ressaltar, no entanto, que Meirelles vai se filiar a um partido político em setembro e deixará o cargo até março de 2010 para concorrer, muito provavelmente, ao governo de Goiás. Portanto, para que não haja mudanças nos juros, mesmo que a inflação se assanhe, o futuro comandante do BC terá de seguir à risca a determinação de Lula, abrindo mão da autonomia que tanta credibilidade deu à política monetária do país.
;A dúvida de quem será o sucessor de Meirelles e de como ficará o quadro de diretores é um dos motivos que levaram o mercado a aumentar as taxas futuras de juros. É o tal prêmio de risco;, afirmou o economista Tomás Goulart, do Banco Modal. Ao mesmo tempo em que garante que não permitirá o aumento dos juros em 2010, Lula se divertiu com a informação de que o mercado financeiro está ;precificando; o risco Serra. Conforme mostrou ontem o Correio, os investidores temem a política econômica que seria implantada pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), caso ele se eleja. Serra já se declarou contra a autonomia do BC. Disse que os juros, que estão em 8,75% ao ano, têm de ser mais baixos. E defendeu a valorização do dólar frente ao real.