postado em 24/07/2009 08:30
O empresário Marco Aurélio Garoni confia que os bons ventos da bonança retornarão à economia. E ao seu negócio, especializado na venda de vestuário masculino. Tanto que projeta alta no faturamento da rede de lojas que comanda de 12% a 15% para o próximo Dia dos Pais, que, para ele, ;é a segunda melhor época do ano;, perdendo apenas para o Natal, quando chega a vender até quatro vezes o volume de um mês comum.Marco Aurélio não é o único empresário otimista. Pesquisa que será divulgada hoje pela Serasa Experian mostra que 41% dos lojistas consultados estão confiantes de que venderão mais no próximo Dia dos Pais do que venderam em igual período de 2008, quando ainda não havia sinal da crise econômica. ;Apesar da crise, temos tido uma boa resposta nos momentos de comemoração, como no Natal, que deu uma boa reação. Por mais que tenhamos tido meses ruins, estamos muito confiantes com essa venda do Dia dos Pais;, diz Marco Aurélio, da rede de lojas Aviator.
Descolamento
A pesquisa da Serasa mostra que o grau de otimismo dos empresários na próxima data comemorativa será maior do que foi na dos Namorados, das Mães, na Páscoa e no Natal, em que somente um terço deles projetava alta nas vendas. ;São sinais que reforçam a tendência de que o varejo se descolou totalmente dessa crise;, analisa o gerente de indicadores da Serasa Experian, Luis Rabi. Economistas ouvidos pelo Correio atribuem o otimismo dos empresários a fatores como a retomada do emprego e o aumento da massa salarial. ;O ambiente macroeconômico de atividade tem sido suavizado, sobretudo, porque o cenário de desemprego que se formava (nos últimos meses) não se concretizou. E o comércio tem sido resistente;, detalha o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio e ex-presidente do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas.
[SAIBAMAIS]O maior volume de crédito também assume papel importante nas vendas do comércio, como nas lojas de Marco Antônio, que fecha 97% das vendas em operações com cartões. ;Se não fosse o crédito, acredito que estaria vendendo muito pouco;, diz. Os empresários ouvidos pela Serasa também compartilham dessa experiência. Dos mais de mil lojistas consultados pela pesquisa, 44% acreditam que vão receber em dinheiro no próximo Dia dos Pais. O percentual que acredita concretizar suas vendas em cartões de crédito, por exemplo, é de 22%. Operações com cheques, cartões de débito e cartão de loja foram projetadas em 17%, 16% e 5%, respectivamente.
Frio
O frio também deve dar uma contribuição positiva para a ampliação dos negócios. Segundo a Serasa, 58% dos entrevistados disseram que os produtos mais vendidos no próximo Dia dos Pais serão artigos de vestuário, calçados e acessórios. Em seguida, vieram os aparelhos celulares (18%), artigos eletrônicos (7%) e perfumes (5%). ;Em São Paulo, o tempo fechou bastante, o que ajudou a vender mais nesse inverno. Mas, com certeza, o Dia dos Pais não será melhor do que foi, em termos de faturamento, o Dia dos Namorados e o das Mães;, reforça o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Emílio Alfieri. Ele projeta um crescimento nas vendas na próxima data comemorativa de 4%, acompanhando o número de cheques dados no mercado, que subiu 3% em junho deste ano quando comparado com igual período de 2008.
O economista Felipe França, do Banco ABC Brasil, relaciona que o desempenho do comércio em bom ritmo ajudaria a puxar os resultados da indústria e o crescimento. ;(A força do) comércio, no começo do ano, não foi suficiente para reverter o PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas do país), mas ajudou a fazer com que o resultado apresentado fosse melhor do que era projetado. E, dada a queda da indústria e das exportações, acredito que o comércio adotará papel de sustentação da economia em 2009;, projeta.