Economia

Indústria nacional prepara medidas contra concorrência chinesa

Marinella Castro/Encontro BH
postado em 24/07/2009 09:00
Para enfrentar a agressividade da concorrência chinesa, setores da indústria nacional estão preparando um contra-ataque com objetivo de recuperar o mercado perdido. O alvo são os chamados bens de consumo não duráveis que saem dos portos, direto para as prateleiras do varejo. Os produtos conquistam o consumidor pelo bolso, que leva para casa calçados, roupas, acessórios, brinquedos e utilidades para o lar, que chegam da Ásia com preços praticamente imbatíveis. Parte da reação da indústria nacional vem dos fabricantes de brinquedos que traçam diretrizes para reconquistar o mercado, que já tem 45% de ocupação chinesa. As estratégias vão desde mudanças na produção até redução de preço. A indústria de tecidos negocia a volta do acordo de restrição voluntária das exportações chinesas para o Brasil, que deixou de vigorar no ano passado. Já os calçadista aguardam para o próximo mês resultado de investigação sobre denúncia de dumping (concorrência desleal). Em outra frente, os fabricantes de calçados brigam por uma sobretaxa aos produtos chineses, responsáveis por 85% das importações brasileiras de calçados., ocupando, cerca de 20% do mercado consumidor brasileiro. A indústria de brinquedos vai lançar, este ano, 1,2 mil novos produtos. Os preços caem 5% em relação ao ano passado e a parceria com distribuidores também se fortalece. "Estamos certo que vamos conseguir tomar espaço dos chineses e até superar nossa meta de 8% de crescimento para este ano", aposta Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos). O preço médio do brinquedo fabricado na China é de US$ 8/quilo contra US$ 10 da média mundial. Nos próximos dias, executivos do setor se reúnem com o ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio, Miguel Jorge. Entre as reivindicações do setor está maior controle e fiscalização. "O subfaturamento no setor é na ordem de 25%", afirma Synésio. Dono de duas lojas de importados, na região da Savassi, Gustavo Josias Batista diz que os itens chineses dominam o mix, mas os brasileiros já começam a empurrar alguns asiáticos da prateleira. "Os brinquedos nacionais têm bom preço, assim como produtos feitos de plástico", avalia. "A China está longe de ser um exportador de quinquilharias, tem uma pauta com alto valor agregado", aponta José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio exterior do Brasil. Ele lembra que o país tem uma reserva de mais de US$ 1 trilhão de dólares, está investindo pesado em todo o mundo e ganhando espaço no Mercosul. "A China precisa gerar emprego e o caminho é exportar a produção." A briga que já começou em território nacional, terá que avançar pelo mundo, já que a concorrência é travada também nos principais mercados do produto brasileiro. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções até abril deste ano, a entrada de produtos chineses no Brasil cresceu 45%. "No mesmo período, as vendas para Argentina, principal mercado brasileiro, caíram 46%" diz Agnaldo Diniz Filho, presidente da Abit. Segundo ele, no mesmo período, os negócios com a Argentina, principal mercado brasileiro caiu 46%. No setor de brinquedos, a Argentina é o segundo mercado nacional, responsável por 30% das vendas. Segundo a Abrinq, US$ 15 milhões em brinquedos estão prontos para serem embarcados para Argentina, que há um ano e meio não libera importações brasileiras. Em junho as importações chinesas corresponderam a US$ 9,8 bilhões, um crescimento de 5,4%, em relação ao ano anterior.

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