postado em 24/07/2009 10:02
Os últimos dados sobre a economia brasileira têm surpreendido por mostrarem que a situação do país não se agravou tanto quanto se temia no início do ano.
Os números que dizem respeito à conjuntura (como os de mercado de trabalho e de produção industrial) revelam que em maio e junho começou a se delinear uma retomada, segundo os especialistas - o diagnóstico oficial e preciso, que é o levantamento do Produto Interno Bruto (PIB) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só sai daqui a dois meses.
Os chamados indicadores antecedentes também sinalizam que a tendência de melhora deve se manter. Ontem, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o seu índice de confiança do consumidor avançou 2,8% na leitura do mês atual, para 111,4 pontos - dentro da zona de otimismo. Já a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgou que o consumo de energia do setor manufatureiro subiu 2,3% em junho ante maio, para o maior patamar do ano.
"Não está uma maravilha, comparando com o primeiro semestre do ano passado, mas não é um desastre total", afirma Régis Bonelli, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV.
"A crise, em 2008, representou quase uma ruptura na trajetória que o Brasil vinha perseguindo havia quatro anos. Foi tão violenta que deixou modelos de projeções como biruta de aeroporto, mudando de direção a todo minuto. Então, as medições que saem contrariam ou negam as estimativas feitas", completa Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e professor licenciado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Na opinião de Bonelli, "os índices prenunciam uma recuperação lenta e gradual do país". "Essa perspectiva só não se confirmará no caso de uma catástrofe internacional, algum acontecimento que esteja totalmente fora do radar agora", ressalva.
Ainda há dois indicadores importantes que estão demorando a se restabelecer, avisando, assim, que os aspectos da economia a que se referem podem se colocar como obstáculos à restauração da atividade no país: o que diz respeito ao ritmo de investimento das empresas e o referente às exportações.
O primeiro tem uma importância dupla: quando os donos de negócios investem, demandam mão-de-obra e insumos; além disso, criam a possibilidade de maior oferta de produtos no futuro sem utilizar totalmente a capacidade da indústria, o que poderia gerar inflação.