Ao final da leitura do comunicado sobre a nova relação bilateral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva driblou o cerimonial e pegou o microfone para comemorar o consenso sobre a Hidrelétrica Binacional de Itaipu. Hoje, o Brasil concordou em pagar três vezes mais pela cessão de energia não utilizada pelo Paraguai.
"A declaração demonstra, por si só, a disposição do Paraguai e do Brasil subirem alguns degraus na melhoria das relações entre o Estado brasileiro e o Estado paraguaio", afirmou Lula no início de seu discurso de improviso. O presidente defendeu o processo de integração regional e reconheceu a responsabilidade do Brasil e da Argentina na redução de assimetrias com os sócios menores Paraguai e Uruguai.
"Não interessa que o Brasil cresça e se desenvolva se seus parceiros não crescerem e não se desenvolverem", disse Lula, lembrando as negociações entre o Brasil e a Bolívia por ocasião da nacionalização das reservas de gás e petróleo bolivianas. "Não faltaram brasileiros que queriam que nós endurecêssemos com relação aos companheiros da Bolívia. E eu sempre achei que um país tem que respeitar o outro para construir os acordos necessários para a manutenção da paz", ressaltou.
É nesse contexto que entram as concessões feitas pelo governo brasileiro nas negociações sobre a Hidrelétrica de Itaipu. "Estou convencido que esse é um acordo histórico entre nós. Que nós governantes não podemos permitir que a carga ideológica de determinados tempos perpasse sempre a idéia de que acordos são impossíveis, de que um país é vítima do outro", afirmou.