O economista Bernard Appy não será mais o secretário Extraordinário de Reformas Econômico-Fiscais (Seref) do Ministério da Fazenda. Ele vai oficializar sua saída do governo na segunda semana de agosto, quando deixará tudo pronto para que André Paiva, atualmente secretário-adjunto, o substitua no comando da secretaria.
Appy era o último nome de peso da equipe que integrou a gestão do ex-ministro e hoje deputado estadual Antônio Palocci (PT-SP). No ministério, foi secretário executivo e de Política Econômica. Fazia parte da equipe econômica de Lula desde janeiro de 2003, quando deixou o cargo que ocupava na diretoria da consultoria LCA havia mais de oito anos.
A demissão do secretário é mais um abacaxi a ser resolvido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que ainda busca um nome que não encontre resistência para anunciar no comando da Receita Federal ; desde que voltou de férias, na segunda-feira (27/7), Mantega tem se esquivado de perguntas acerca do órgão de fiscalização.
Sucessor
O nome mais provável na sucessão do secretário e já aprovado por Bernard Appy é do secretário-adjunto André Paiva. O funcionário é um dos que mais viajou o país a serviço do ministério nas exposições costumeiras que o governo faz da reforma tributária, principal demanda da secretaria nos últimos dois anos.
"Na linha sucessória da secretaria, que é minúscula, ele (André) é o mais provável para me substituir. E tem totais condições porque entende, até mais do que eu, de reforma tributária", disse ao Correio Bernard Appy.
[SAIBAMAIS]Uma outra possibilidade é a escolha do coordenador-geral da Seref, Ângelo Duarte. "Entretanto", contou uma fonte do Ministério da Fazenda, "é mais natural que seja o André (a suceder o secretário), até porque é o segundo (nome) no comando da Seref", contou.
André Paiva e Ângelo Duarte não estiveram em Brasília durante a sexta-feira. O primeiro tinha reuniões pelo ministério no Rio Grande do Sul, e o segundo estava de férias. Ambos devem voltar ao trabalho na próxima segunda-feira, quando começam a tocar o trabalho sem a presença do secretário, que só deve voltar a Brasília na próxima quarta-feira.
Militância
Bernard Appy era parte importante da equipe econômica do governo havia sete anos, mas sua história com o Partido dos Trabalhadores (PT) data de bem antes, de 1990, quando foi assessor econômico da bancada do partido na Câmara dos Deputados.
Recentemente, Appy deixou a militância do PT. "Na verdade, não me desliguei totalmente do partido. Ocorre que há alguns anos houve um recadastramento (dos militantes) e eu não me recadastrei. Mas sempre tive uma relação muito próxima com o PT."
O secretário disse ao Correio que ainda não decidiu seu destino, mas reiterou não descartar um retorno à área de mercado onde construiu sua carreira. "As portas da LCA (consultoria que Appy ajudou a criar) estão abertas a ele", disse o sócio-diretor Cristian Andrei, por meio de sua assessoria de imprensa. O secretário, lisonjeado, desconversa: "Ainda não tem nada certo, mas não descarto qualquer possibilidade".