postado em 31/07/2009 22:09
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) corrigiu para menos a previsão de deficit em transações correntes neste ano, em razão da "sensível melhora" dos saldos da balança comercial (exportações menos importações) nos últimos meses, de acordo com o diretor de Estudos Macroeconômicos do instituto, João Sicsú.
[SAIBAMAIS]A exemplo de outros analistas financeiros, que começaram 2009 com projeção de deficit de US$ 25 bilhões em conta corrente, que envolve todas as transações comerciais e financeiras com o exterior, o Ipea também trabalhava com expectativa de deficit no intervalo de US$ 18 bilhões a US$ 25 bilhões.
Mas, como as importações têm caído mais que as exportações, e com isso gerando saldos comerciais mais fortes do que o mercado esperava, Sicsú disse que a projeção do Ipea agora situa-se numa faixa entre US$ 10,5 bilhões e US$ 17,5 bilhões para o deficit de conta corrente, que no ano passado chegou a US$ 28,3 bilhões.
Ele disse que o Ipea foi obrigado a reavaliar a previsão porque, no caso específico, "estávamos mais pessimistas que o mercado". A pesquisa Focus, realizada todas as semanas pelo Banco Central com uma centena de analistas financeiros, tem reduzido gradativamente a projeção de deficit em conta corrente, ao mesmo tempo em que aumenta a perspectiva de saldo comercial no ano.
A estimativa de deficit em transações correntes, de acordo com o boletim Focus da última segunda-feira (27/7), caiu de US$ 25 bilhões, no início do ano, para US$ 15,1 bilhões, ao passo que a expectativa de apenas US$ 14,5 bilhões para o saldo comercial, em 2009, aumentou para US$ 23 bilhões. Próximo, portanto, do saldo comercial do ano passado, que foi de US$ 24,7 bilhões, o pior resultado desde 2002, com queda de 38,2% em relação ao saldo de 2007.
Números da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) mostram que depois de cinco anos seguidos de superavit em transações correntes, de 2003 a 2007, quando o país acumulou US$ 45,5 bilhões em divisas, a crise econômica mundial se encarregou de inverter a situação no ano passado, e o Brasil fechou a conta externa com deficit de US$ 28,3 bilhões.