Economia

Número de pessoas buscando emprego entre 31 dias e seis meses passou de 873 mil para 1,123 milhão

Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 06/08/2009 08:00
Desde junho, Lenison da Cunha está em busca de empregoO trabalhador desempregado está levando mais tempo para conseguir uma nova ocupação. Desde que a crise econômica chegou com força ao Brasil, em outubro do ano passado, a curva que mede o tempo gasto na procura de um emprego começou a se mover. E para pior. A cada mês, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a parcela da população que estava ocupada e perdeu a vaga vai engrossando o contingente dos sem-trabalho, que passam a ter mais dificuldades para obter um novo posto. É um círculo vicioso.

Pelos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), o número de pessoas que estava procurando trabalho no período entre 31 dias e seis meses saltou de 873.796 em maio de 2008 ; quando não existia a crise e a economia brasileira crescia a todo vapor ; para 1,123 milhão no mesmo mês deste ano.

Se a soma envolver também os que procuram emprego nos primeiros 30 dias da demissão, o número de pessoas desocupadas ultrapassa a 1,5 milhão, ou quase 80% da população classificada como desocupada pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre), onde é feita a pesquisa.

Desalento
Em junho, conforme a última PME, aumentou a quantidade de pessoas procurando emprego nos primeiros 30 dias. Também cresceu a quantidade de pessoas excluídas da População Economicamente Ativa (PEA). Motivo: elas simplesmente desistiram de procurar emprego por total desalento. ;É o efeito perverso da crise;, observou um técnico do IBGE.

Na medida em que mais trabalhadores perdem o emprego, fica cada vez mais difícil para quem está na rua conseguir uma nova ocupação rapidamente. É bom não esquecer que o seguro-desemprego, pago aos trabalhadores com carteira assinada que perdem o emprego, tem um limite máximo de cinco parcelas. Depois desse período, o trabalhador que permanece sem emprego se vê obrigado a sobreviver das suas próprias economias, bicos ou ajuda de terceiros, muitas vezes membros da família.

Grana curta
A crueldade do desemprego pegou de jeito Lenison da Cunha, 49 anos. Desde o início de junho, ele está em busca de uma oportunidade. Cozinheiro experiente, o morador de Ceilândia sai todo dia cedinho de casa e vai até a agência do trabalhador, no Setor Comercial Sul, tentar reverter a maré negativa. ;Mas está mais difícil por causa da crise;, admitiu. No último ano, Lenilson trabalhou num restaurante que faliu. Antes, teve de lidar com um patrão que não cumpria o contrato de trabalho. ;Era para ganhar R$ 700 por mês, mas só recebia a metade;, contou. Diante das dificuldades, está aceitando ser auxiliar de cozinha. ;Preciso de um emprego rápido, porque tenho família para sustentar;, afirmou.

Na avaliação do economista José Márcio Camargo, parte da dificuldade enfrentada por desempregados como Lenilson pode ser atribuída à crise. ;No entanto, também há o problema da falta de qualificação. Muitos têm que aceitar ganhar menos ou são expulsos do mercado formal, passando a viver de bicos;, disse. Ele não vê bons sinais no horizonte tão cedo, sobretudo nas regiões metropolitanas, mais sensíveis à crise. ;O mercado está fraco e a indústria, que emprega os mais qualificados, não dá sinais de recuperação;, observou.

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