postado em 07/08/2009 19:47
A economia brasileira está mostrando uma recuperação robusta, mas de má qualidade, e vai continuar assim, a menos que o governo tome medidas para estimular os investimentos e as exportações, avalia o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
[SAIBAMAIS]"Depois de uma crise como esta, qualquer recuperação é positiva, mas a qualidade dessa recuperação deixa muito a desejar", disse o consultor do Iedi e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Júlio Gomes de Almeida.
Segundo ele, os dados mais recentes apontam que a recuperação tem se apoiado na expansão do gasto público e no consumo, o que está sendo importante para fazer o Brasil se levantar da crise numa velocidade superior à média mundial.
"A despeito dos incentivos fiscais baixados pelo governo, a economia está começando a andar por conta própria", ponderou. Para ele, o principal motor da retomada está sendo o crédito farto, que tem estimulado o consumo das famílias.
Essa expansão, porém, ocorre num ciclo que em algum momento vai perder força. Daí a necessidade de medidas para estimular investimentos e exportações, pré-condição para um crescimento sustentado. "A recuperação está sendo lenta demais, com a indústria a passos de tartaruga", avaliou.
Pelos cálculos do Iedi, em relação a setembro do ano passado, quando a crise global se intensificou, a indústria retomou metade do ritmo perdido. "Se continuarmos na velocidade de recuperação deste semestre, teremos uma recuperação completa nos primeiros meses de 2010", previu.
Neste ano, o Iedi estima crescimento zero do PIB (Produto Interno Bruto). Para 2010, a estimativa é de expansão de 4%.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial teve o pior primeiro semestre desde 1975, ao cair 13,4%. Mas em junho a atividade subiu 0,2% sobre maio, no sexto mês consecutivo de alta nesse tipo de comparação.