postado em 11/08/2009 16:03
O presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, disse nesta terça-feira (11/8) que a estatal está negociando a compra de uma geradora de energia elétrica no Peru para entrar no mercado de geração do país vizinho, o que seria o primeiro passo da estatal brasileira rumo à internaciolização.
"Se conseguirmos vencer o leilão será a nossa primeira vez nesse modelo de compra no exterior", declarou o presidente da Eletrobrás a jornalistas durante o Energy Summit.
[SAIBAMAIS]"Quero entrar no leilão do Peru, e para entrar tenho que ter uma empresa peruana. É mais fácil comprar", explicou Muniz Lopes sem divulgar o valor da compra.
Ele informou que está tentando junto ao governo peruanoadiar o leilão, previsto para outubro, para que a Eletrobrás tenha tempo de comprar a geradora local.
Apesar de ser considerada a primeira compra direta da companhia, a Eletrobrás já tem uma empresa binacional com a Argentina, Ebisa, criada com a intenção de construir a hidrelétrica de Garabi, na fronteira entre os dois países. A usina de Itaipu também é uma usina binacional entre Brasil e Itaipu.
Lopes defendeu mais uma vez a retirada da estatal do cálculo do superávit primário para alavancar o processo de internacionalização da companhia, que para o executivo deve seguir os moldes da Petrobras, que foi retirada do superávit do governo.
O orçamento da Eletrobrás prevê investimentos de R$ 30 bilhões nos próximos 4 anos.
"Temos uma pressão para subir (os investimentos)... vimos que temos necessidade de ter um teto maior. Estamos discutindo esse teto", afirmou.
As ações da empresa caíam 2%, por volta das 12h30, acompanhando a queda de 2,14% do Ibovespa.
STJ O presidente da Eletrobrás declarou ainda que está apreensivo com o julgamento que acontecerá nessa quarta-feira, no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), sobre o empréstimo compulsório decretado pelo governo federal na década de 1980 para grandes consumidores.
A Eletrobrás provisionou em seu balanço uma dívida de R$ 1,3 bilhão com esta finalidade, mas empresas e associações cobram na Justiça um valor de aproximadamente R$ 3 bilhões.
"Torço, porque efetivamente preciso torcer...quanto vai ser não sei. Se (as empresas) ganharem essa, e como a decisão é vinculante, virão outras. Esse número pode ser uma coisa de louco. Estamos muito apreensivos", declarou Lopes.
Belo Monte
O executivo voltou a afirmar que as subsidiárias da Eletrobrás poderão entrar separadas no leilão da usina de Belo Monte, programado para outubro desse ano, para garantir a concorrência.
O investimento previsto para construir a unidade de aproximadamente 11 mil megawatts é de R$ 11 bilhões, informou Lopes.
"Acima de tudo está a competição. A Eletrobrás poderia se dividir estrategicamente", declarou Lopes, que ao assumir a estatal garantiu que as empresas do grupo não concorreriam mais entre si. "Se o governo entender que é importante entrarmos com quatro empresas, vamos entrar", acrescentou.
A Eletrobrás participa no momento da construção das usinas do rio Madeira, em Rondônia, com Furnas no consórcio vencedor da usina de Santo Antônio e Eletrosul e Chesf no grupo que ganhou a usina de Jirau. Ao todo o complexo do Madeira vai gerar cerca de 6 mil megawatts.