postado em 14/08/2009 08:25
Algumas das principais categorias profissionais com data-base no segundo semestre se preparam para encostar a faca no pescoço dos patrões. De olho na retomada da economia, os sindicatos exigem aumento real de salário e não aceitam a crise mundial como desculpa. O histórico recente é favorável aos trabalhadores. Na primeira metade do ano, quase todos os setores conseguiram reajustes iguais ou superiores à inflaçãoOs bancários iniciaram as negociações. A categoria quer 5% de ganho real, piso de R$ 2.047 e aumento na participação dos lucros e resultados. ;Se tem alguém que jamais vai poder usar a crise como pretexto é o setor financeiro;, diz Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). No Distrito Federal, os funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal decidiram participar da campanha unificada.
Na pauta dos comerciários paulistas o primeiro item também é de reajuste salarial de 5% acima da inflação. O sindicato que representa a categoria entregou, semana passada, as reivindicações à Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) e ainda não recebeu a contraproposta. ;Temos todos os dados sobre desempenho da atividade. Não vamos recuar;, afirma Ricardo Patah, presidente do Sindicatos dos Comerciários de São Paulo. Em Brasília, os empregados do comércio têm data-base em novembro. Geralda
Godinho Salves, presidente do Sindicom-DF, explica que a crise passou. ;O setor não foi afetado como se esperava. Vamos exigir ganho real;, avisa.
Recuperação
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) briga por reposição da inflação e ganhos reais de 10% para os petroleiros. Aldemir de Carvalho Caetano, secretário de Administração e Finanças da FUP, justifica que as companhias não tiveram prejuízo apesar de toda turbulência internacional. ;O trabalhador não tem culpa do momento de crise;, argumenta. O mesmo move os metalúrgicos. ;Nossa pauta prevê ganhos acima da inflação, entre 4,5% e 5%;, afirma Sérgio Nobre, presidente do Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC.
José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), acredita que o segundo semestre será positivo para o trabalhador. ;Normalmente, os resultados são melhores porque a atividade econômica é mais forte neste período;, diz. Entre janeiro e junho de 2009, de acordo com balanço divulgado ontem pelo Dieese, 93% das 245 categorias com data-base prevista conseguiram aumentos idênticos ou maiores que a inflação. Na avaliação do especialista do Dieese, o ajuste provocado pela crise atingiu muito mais o emprego do que os salários na primeira metade do ano. ;Agora há uma perspectiva de recuperação da indústria. O cenário é mais favorável;, completou.
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