postado em 15/08/2009 08:25
Diante da enxurrada de denúncias recebidas dos órgãos de defesa do consumidor e do Ministério Público, o Banco Central deu início a um processo de fiscalização e partiu para cima dos "pastinhas", profissionais autônomos especializados em caçar clientes para bancos e financeiras nas ruas, em empresas e repartições públicas. Eles são acusados, entre outras práticas, de negociar, irregularmente, códigos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para descontos de empréstimos consignados e de montarem uma indústria de procurações, com as quais, a cada três meses, em média, mudam os clientes de instituição."Não há mais como esses pastinhas continuarem atuando nas sombra, à margem do sistema, sem nenhuma regulamentação. Eles precisam seguir normas rígidas. Vai ser bom para todo mundo, inclusive para os bancos, maiores vítimas da indústria das procurações", diz José Luiz Rodrigues, sócio da Consultoria JL Rodrigues, especializada em sistema financeiro. Segundo ele, essa indústria tem como objetivo ampliar as comissões desses profissionais, mas deixa um rastro de prejuízos no mercado.
Com as procurações, os pastinhas pedem a liquidação antecipada dos empréstimos. O banco, que já havia pago comissão de até 25% sobre o valor das operações, é obrigado a dar o desconto dos juros das prestações que estão por vencer. Ou seja, em vez do lucro programado, arca com perdas inesperadas. "A cada vez que transferem os empréstimos para uma nova instituição, os pastinhas embolsam comissão. É um negócio e tanto. Mas quem paga a conta é o banco ou a financeira que teve custos para fechar as operações", acrescenta Luiz Carlos França, vice-presidente do Grupo Sabemi, que opera com crédito consignado. A seu ver, o BC deve exigir que os pastinhas tenham registro em algum órgão para trabalhar, como ocorre com os corretores de imóveis.
Apesar das queixas dos bancos, são as fraudes com empréstimos a pessoas físicas as que mais preocupam o BC. Os pastinhas criaram uma rede de informação dentro de órgãos públicos (União, estados e municípios) e de empresas privadas, que lhes permite acessar dados pessoais de muitos trabalhadores e servidores, forjando operações fictícias. Por isso, muita gente tem sido surpreendida com descontos de prestações de empréstimos que nunca fizeram. "A decisão do BC de regulamentar esse mercado é vital para evitar tal tipo de crime e dar maior segurança a todos os agentes de mercado%u201D, afirma França. "Com certeza, a credibilidade do sistema vai aumentar", emenda.
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