postado em 18/08/2009 20:33
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta terça-feira (18/8) que o Brasil está com uma taxa básica de juros em um nível bastante razoável (8,75% ao ano), mas ressaltou que, nos próximos anos, a taxa Selic poderia ser reduzida para um patamar ainda menor. "É claro que, nos próximos anos, a médio prazo, pode reduzir mais. Não vou dizer quando, senão vão me acusar de estar interferindo no Banco Central", disse o ministro, antes de participar do XIX Prêmio FGV de Excelência Empresarial, na capital paulista
[SAIBAMAIS]Ele reiterou que não tem intenção de interferir nas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. "Não interfiro, mas temos espaço para reduzir mais", afirmou, citando como exemplo que a inflação deste ano está sob controle e deve encerrar 2009 abaixo da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%
Mantega disse que o governo trabalha com uma previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,6% a 1,7% no segundo trimestre, taxa que, anualizada, deve ficar superior a 6%. "Portanto, deixamos para trás as taxas negativas do primeiro trimestre e do ultimo trimestre do ano passado. Isso significa que o Brasil completou o ciclo negativo, recessivo digamos, em apenas dois trimestres, enquanto vários outros países ficaram quatro ou cinco trimestres com PIB negativo", declarou
Mantega afirmou que a economia voltará a crescer neste segundo semestre. "Claro que não é um aquecimento frenético, vai ser gradual", disse, ressaltando que setores voltados ao mercado interno serão os responsáveis por esse desempenho, uma vez que os exportadores, principalmente a indústria, ainda sofrem com os efeitos da crise
Ele destacou que o crédito está se recuperando em diversos setores, com o auxílio do governo. Como exemplo, ele citou a indústria de bens de capital (máquinas e equipamentos), que está com as menores taxas de juros para financiamento de sua história (4,5% ao ano). "A bonança nas taxas de juros deve continuar. Agora, bonança do setor público, não é?", questionou. "O setor privado poderia estar baixando mais os seus spreads, que estão elevados. Estão baixando também, mas muito aquém do que seria necessário", opinou. "Eles estão trabalhando com uma inadimplência elevada e não percebem que são os juros altos e spreads elevados que acabam causando inadimplência. É quando você dá menos recursos para o produtor e o consumidor que ele fica mais apertado.