postado em 19/08/2009 09:16
As empresas estão redescobrindo a bolsa de valores e o mercado de capitais brasileiro. Neste ano, de janeiro a agosto, o volume de emissões de ações registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - órgão regulador e fiscalizador do mercado - alcançou US$ 10,9 bilhões, valor correspondente a 75% de tudo o que foi registrado em 2008 - US$ 14,5 bilhões. Outro indício de que o mercado caiu nas graças das companhias vem dos pedidos de abertura de capital (1). Neste momento, seis organizações aguardam avaliação da CVM. Somente entre 20 de julho e 11 de agosto, quatro pedidos entraram na autarquia. Outras seis tiveram seus processos aprovados desde o início do ano.
Esses números de pedido de abertura de capital estão longe daqueles apurados nos últimos anos, quando os investidores estavam ávidos por ações. Em 2007, 85 autorizações para que empresas se tornassem companhias abertas foram aprovadas pelo órgão oficial. No ano passado, com a crise atingindo as bolsas em todo o mundo, foram concedidas 32 permissões, das quais nove foram canceladas depois quando o valor dos papéis despencaram.
Mas em um cenário de crise mundial e de grande instabilidade nas bolsas, o que está por trás deste movimento? "Durante a crise, muitas empresas se descapitalizaram", lembra o diretor da Estratégia Investimentos, Alexandro Marcel. Em paralelo, os bancos fecharam suas linhas de crédito para evitar novos prejuízos com a inadimplência dos devedores. Sem outras alternativas, muitas empresas optaram por emitir ações que seus próprios controladores subscreveram. "Tanto que não se viu publicidade dessas emissões. Poucas chegaram ao conhecimento do grande público, caso, por exemplo, da Light." Pouco mais de 15% dessa oferta ficaram com os investidores pessoas físicas.
A CVM também começa a registrar maior interesse nos mercados de dívida, particularmente de debêntures e de notas promissórias. Juntos, a emissão desses títulos já chega próximo dos US$ 7 bilhões. "Os juros estão caindo e as linhas externas de crédito ainda estão difíceis para as empresas em geral", analisa o diretor da Oliveira Trust, Mauro Sérgio de Oliveira. Para conseguir recursos dos investidores, as empresas emitem papéis, tomam dinheiro emprestado e em troca pagam juros.
1- Reforço no caixa
Abertura de capital é um pedido de autorização à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, para que as empresas possam emitir títulos - ações, debêntures, bônus, cupom, certificados, etc. Esses papéis são ofertados aos investidores e o dinheiro arrecadado, usado pelas companhias para o aumento da produção e do emprego. Quando as ações já estão em poder do público e são negociadas nas bolsas de valores, têm-se o mercado secundário.