Agência France-Presse
postado em 20/08/2009 15:38
A Bolívia aproveitará a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sábado para pedir uma modificação no atual contrato de venda de gás natural ao Brasil para estabelecer volumes fixos de exportação - e não variáveis como ocorre atualmente -, liberando, com isso, parte da produção para outros mercados.
Brasil e Bolívia assinaram em 1999 um contrato de 20 anos para a compra e venda de gás natural, que estipulou uma escala de fornecimento que começava com 5 milhões de metros cúbicos diários (MMCD) e deveria se estabilizar em 2005 em 31 MMCD. Apesar disso, o Brasil, pelas oscilações de seu mercado, demandou menos do que o volume máximo.
[SAIBAMAIS]"Vamos continuar abordando a possibilidade de uma modificação do contrato com o Brasil, de tal forma que nos libere uma quantidade grande de gás para destinarmos a outros mercados", informou nesta quinta-feira (20/8) Carlos Villegas, presidente da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB).
O presidente da YPFB revelou que, embora a oscilação da demanda brasileira esteja prevista, essa flutuação de "27, 26, 22 e de 21 MMCD está gerando problemas para todos", porque a Bolívia deve cobrir, além disso, a demanda do mercado interno, de entre 6 e 7 MCMCD, e a exportação para Argentina, de 5 a 7 MMCD.
Exatamente com a Argentina foi firmado um acordo bilateral para elevar essa cifra a partir de 2010 para 16 MMCD, com a construção do novo Gasoduto Nordeste Argentino, embora o projeto esteja atrasado.
Na quarta-feira, o presidente Evo Morales ressaltou: no sábado "vamos tocar no assunto do preço dos volumes de gás exportados para o Brasil", em seu encontro com Lula na região cocaleira do Chapare.
A Bolívia é o segundo maior produtor de gás natural da América do Sul, depois da Venezuela, embora tenha dificuldades para aumentar a sua produção de hidrocarbonetos, estacionada desde o ano passado entre 38 e 40 MMCD.
Lula assinará na Bolívia um crédito de US$ 332 milhões para a construção de uma estrada de 306 km, ligando a região do Chapare à fronteira boliviana com o Brasil, no norte do país.
Segundo dados oficiais, o gás boliviano sustenta pelo menos 80% das atividades industriais do estado de São Paulo, onde o hidrocarboneto chega através de um gasoduto de 3.069 quilômetros, 560 dos quais estão em território boliviano.
Em março passado, o presidente Lula disse que o Brasil manterá os contratos de compra de gás boliviano até 2019, mas que insistirá em desenvolver uma autonomia maior para não depender de um único fornecedor.