Economia

Bancos ignoram as normas do BC e as regras do Código de Defesa do Consumidor

Ranking de reclamações de julho revela que, em casos de pagamento antecipado de prestações, as instituições não descontam os juros embutidos nos valores cobrados

Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 22/08/2009 09:00
Os bancos insistem em descumprir as normas do Banco Central e do Código de Defesa do Consumidor no que diz respeito ao atendimento aos clientes. No novo ranking de reclamações atualizado pelo Banco Central em julho, o Itaú Unibanco ocupa a primeira posição entre as instituições com mais de um milhão de clientes, com 207 reclamações consideradas procedentes. A seguir vem o HSBC, o Bradesco, o Banco do Brasil e o Santander.

Em julho, as reclamações dos clientes bancários se concentraram na liquidação antecipada. Foram 193 no mês. A liquidação antecipada de uma operação financeira implica no desconto dos juros embutidos nas prestações futuras para o cliente. Essa regra só não vale para os contratos firmados até dezembro de 2007, data da resolução que fixou a regra para o desconto. Parece que os bancos se esquecem disso.

Além da liquidação antecipada, os clientes reclamam do atendimento, da cobrança irregular de tarifas de prazos não cumpridos. A lista é grande, mas, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), está impossível fazer comparações com as informações liberadas pelo Banco Central. ;O Banco Central alterou a metodologia. Houve uma queda expressiva de reclamações procedentes e um crescimento, também significativo, de outras reclamações a partir de abril;, disse a economista do instituto, Ione Amorim.

Questionamento
Sem conseguir identificar o motivo da migração das reclamações, Ione Amorim disse que o Idec vai questionar o BC. ;Do jeito que está parece que melhorou a avaliação dos bancos, mas isso não é verdade;, acrescentou. De acordo com a economista, em julho, por exemplo, o total de reclamações procedentes é de 540, enquanto sobe para 3.159 as outras reclamações, que não são detalhadas pelo BC. Em junho do ano passado, a situação era exatamente o inverso. As reclamações procedentes somavam 3.058, enquanto apenas 870 eram classificadas como outras reclamações.

Procurado pelo Correio, o Itaú Unibanco disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que sempre avalia com atenção a informação sobre as reclamações procedentes. ;Apesar da redução de 17% em relação ao índice do mês anterior, temos que trabalhar ainda mais na melhoria da qualidade de atendimento para atingir a expectativa de nossos clientes;, diz a nota. Posição idêntica tem o HSBC, que disse que leva em consideração o ranking para aprimorar o atendimento aos clientes e usuários de seus produtos e serviços.

Já o Bradesco alegou que a sua presença no ranking reflete a inclusão dos registros do banco BMG, adquirido pela instituição. ;O Bradesco vem adotando providências para a normalização, o que poderá, eventualmente, demandar mais um tempo.; O Banco do Brasil, com a maior rede de agência e base de clientes, garante que tenta atender todos os correntistas da melhor forma possível.

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