postado em 23/08/2009 07:51
A venda de vinhos pela internet é um mercado bilionário. Pesquisa da Bordeaux Management School, maior escola sobre negócios com vinho do mundo, constatou que o comércio da bebida pela rede mundial de computadores movimenta nada menos que 2 bilhões de euros e cresce 30% ao ano. Somente na França, maior mercado em âmbito global, são 100 milhões de euros. No Brasil, o segmentos de vinhos finos faz circular cerca de US$ 800 milhões e a compra via internet caiu no gosto dos brasileiros.A mudança de hábito dos consumidores tem estimulado o aumento de lojas virtuais especializadas em vinhos. Criada há seis meses, a empresa Wine.com.br (www.wine.com.br) comemora os resultados. Em junho, ela vendeu site 25 mil garrafas por meio da internet, o que lhe rendeu o título de líder de mercado de vinhos finos importados. Segundo Aloísio Sotero, diretor financeiro da empresa, a taxa de crescimento desse setor, no Brasil, segue a tendência internacional e aumenta em torno de 30% ao ano, resultado da combinação de dois fatores: a expansão da internet e do consumo no país. ;O Brasil é o segundo maior mercado de rótulos do mundo. Só perde para a Inglaterra. O brasileiro descobriu que o vinho é um fator de ascensão social. Chamar as pessoas para tomar vinho pode ser o mesmo que dizer que melhorei de vida;, observa. ;As pessoas também se habituaram a comprar pela internet. Quem fez o brasileiro aprender? O fenômeno da internet banking e a falta de tempo das pessoas.;
Entrega
Como o preço do vinho nas lojas virtuais é o mesmo dos pontos de venda tradicionais, para fisgar o cliente, as empresas apostam em atendimento, serviço de entrega em domicílio e variedade de rótulos. ;O meu diferencial são as variedades. A Wine.com.br quer ser a Amazon do vinho. O Brasil deve ter cerca de 150 importadoras e nós trabalhamos com 18 que representam 80% do mercado;, afirma Sotero. O site oferece um sommelier que orienta os consumidores na compra de vinhos e sobre os acompanhamentos mais adequados para degustar a bebida. A rapidez da entrega foi privilegiada. A empresa fez uma parceria com a TAM Cargo, que permite a entrega das encomendas no prazo máximo de 48 horas para 400 cidades brasileiras pelo frete único de R$ 20.
Brasília foi escolhida para ser o hub da operação (ponto de conexão para o restante do país). As garrafas são manuseadas no centro de distribuição, situado em Palmas (TO), e seguem para o Aeroporto Internacional de Brasília via TAM Cargo em voos diários. A capital federal está entre o quarto e o quinto mercado consumidor da loja virtual. Para a TAM Cargo, a loja virtual é um parceiro estratégico.
Nacionais
Em se tratando de venda de vinhos nacionais, a Vinhos e Vinhos (www.vinhosevinhos.com.br) é a líder no segmento, assegura Airton Fitareli Júnior, gerente da loja que existe há cinco anos. Júnior destaca que o aumento dos negócios é de cerca de 70% ao ano, percentual que ele acredita que será repetido este ano. As entregas são feitas via transportadoras e o valor do frete varia de R$ 20 a R$ 80, conforme o local. Em março de 2008, a empresa inaugurou sua primeira loja física no Vale dos Vinhedos, onde também são vendidos alguns rótulos importados. ;Às vezes, as pessoas vão às vinícolas e pagam um frete em cada uma;, observa. Agora, o cliente pode comprar vários rótulos em um única loja, pagando um só frete.
Para o Grupo Pão de Açúcar, o comércio eletrônico de vinhos representa 8% do negócio e vende, em média, 30% a mais que uma loja física. No DF, as vendas pela internet representam 5% da bandeira Pão de Açúcar. A empresa afirma que é líder na venda de vinhos no Brasil, com 45,9% do mercado. Só a rede Pão de Açúcar responde por 55%, totalizando 15 milhões de garrafas em 2008. Para este ano, a expectativa da companhia é crescer 20% sobre 2008.
Apesar de 70% das vendas de vinho ocorrerem em pontos de venda tradicionais, Carlos Paviani, diretor executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), considera as vendas pela internet uma tendência. ;É um canal direto entre produtores, principalmente as pequenas vinícolas, e consumidores, que podem ter ampla variedade à disposição de um clique;, diz. O consumo no Brasil ainda é baixo: 1,8 litro per capita por ano, enquanto na vizinha Argentina, são 30 litros per capita por ano. Ou seja, há muito espaço a avançar.
Perfil do comprador
- 69,5% são homens
- 48% têm mais de 35 anos
- 31% têm pós-graduação
- 31% são executivos
- 46% ganham entre 30 e 60 mil euros por ano
- 43% compram online há mais de 5 anos
- 73% fazem mais de cinco compras via web por ano e preferem os mais caros
- Compram vinho pelo menos uma vez por mês em todos os canais de distribuição
- 75% dos compradores têm uma adega em casa
- 40% guardam o site onde comprou nos favoritos
- 41,6% acessam o site digitando o endereço direto.
Fonte: Bordeaux Management School (BEM)
; Mais tempo para o prazer
Apreciadora do ritual de tomar vinho, a gerente de software Carmen Távora aderiu às compras pela internet há um ano. ;Mudei por comodidade. Viajo muito em meu trabalho e não tenho tempo para gastar algumas horas em uma loja de vinho, escolhendo rótulos;, explica. Antes de optar pela internet para adquirir a bebida, ela nem sempre tinha garrafas disponíveis para degustar nos momentos de folga. ;Várias vezes, eu chegava, quinta ou na sexta-feira à noite em casa, queria tomar um vinho e não tinha. Pela internet, a entrega é rápida. Teve uma vez que pedi uma caixa em um dia e em 24 horas chegou.; A possibilidade de comprar acessórios e acompanhamentos também chamaram a atenção de Carmen. ;No site, compro saca-rolhas, facas de titânio, azeite, bacalhau, todos os acompanhamentos para quem gosta do ritual prazeroso do vinho;. Natural de Fortaleza (CE), Carmen descobriu a paixão pela nobre bebida há 12 anos, quando veio para a capital federal;. O clima de Brasília chama para tomar um vinho à noite. Descobri esse prazer aqui e fiz um curso. Hoje, temos um grupo de amigos que se reúne para degustar vinhos diferentes uma ou duas vezes por mês;, conta. A consumidora gasta cerca de R$ 700 por mês na compra da bebida pela internet.