Economia

Exportações da América Latina sofrerão em 2009 pior queda em 72 anos

Agência France-Presse
postado em 25/08/2009 18:02
As receitas com as exportações na América Latina e Caribe caíram quase 31% no primeiro semestre de 2009, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (25/8) pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), em Santiago, Chile, e que projeta uma queda até o final do ano de 25%, o pior resultado para a região em 72 anos. Além disso, prevê uma contração de 11% até o final do ano no volume das exportações. "A redução do comércio regional não tem precedentes na história recente", segundo o estudo da Cepal, com sede na capital chilena. [SAIBAMAIS]"O choque externo sofrido pela região é de proporções superiores ao provocado pela Crise Asiática (de 1998) e a Crise da Dívida Externa (1982", acrescentou o órgão das Nações Unidas. O comércio regional, segundo a Cepal, foi derrubado principalmente pela redução de 29% nos preços internacionais dos produtos básicos que a região exporta e pela queda da demanda externa em geral, exceto da China. "Desde o início da crise, as correntes comerciais da região experimentaram quedas substanciais e generalizadas, independentemente do destino ou da origem. Somente a China apresenta uma demanda sustentada de produtos básicos, o que vem contrabalançando a situação adversa enfrentada pelo comércio exterior regional", destacou o relatório da Cepal. Por categorias de produtos, a desaceleração das exportações regionais foi mais acentuada do setor de minérios, petróleo e manufaturados do que no setor agrícola. A debacle começou em setembro do ano passado, quando a crise financeira mundial se tornou mais aguda, fazendo desabar os preços das matérias-primas, a principal fonte das exportações latino-americanas e motor do crescimento nos seis anos anteriores. No primeiro semestre, as exportações de minérios e de petróleo de toda a região caíram 50%, enquanto que a de produtos manufaturados e agrícolas diminuíram 24% e 17%, respectivamente. As quedas mais acentuadas se concentraram no comércio com a União Europeia (36,3%) e Estados Unidos (35,3%). Os países mais afetados foram : Venezuela, Equador (petróleo), Colômbia (petróleo e carvão) e Bolívia (gás natural). O México, um grande exportador de produtos manufaturados, especialmente para os Estados Unidos, é outro dos grandes atingidos. Mas, para a segunda metade do ano, a Cepal prevê uma "tendência à estabilização" no preço de produtos como carvão, gás natural, alumínio e aço e uma "recuperação" no caso de petróleo, zinco, trigo e cobre. A demanda sustentada da China, um dos principais parceiros comerciais da região, permitiu suavizar a queda durante a primeira metade do ano, dando os fundamentos para uma aposta na recuperação durante o segundo semestre, na opinião de Alicia Bárcena, secretária executiva da Cepal. "Só a China vem funcionando como contrapeso à situação adversa enfrentada pelo comércio externo regional", destaca o relatório da Cepal. A queda das exportações repercute diretamente no PIB regional que este ano se contrairá 1,9% na América Latina, embora para 2010 se espere uma recuperação de 3,1%.

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