O Banco Santander/Real anunciou ontem aos seus 10 milhões de correntistas que está parcelando a dívida do cheque especial em até 36 vezes com juros pela metade. Pelo menos metade da carteira de clientes dos dois bancos tem cheque especial e 70% deles estão no vermelho.
O superintendente executivo de Empréstimos de Pessoa Física, Eduardo Francisco, comparou os clientes que usam o cheque especial descontroladamente a um passageiro que deveria andar de ônibus, mas optou pelo táxi. E fez a seguinte metáfora: ;Imagine pegar um táxi de Porto Alegre até Manaus. A viagem de ônibus sai bem mais em conta, não é?;.
O Santander/Real resolveu oferecer a possibilidade de parcelamento cobrando metade dos juros depois de traçar um perfil dos três tipos de clientes que usam esse crédito. O primeiro deles é chamado de ;cliente descontrolado;, que sempre está no vermelho. O segundo é o cliente controlado, que pensa antes. O último tipo é o que raramente usa o cheque especial.
O material promocional divulgado pelo banco afirma que a instituição reinventou o cheque especial ao parcelar a dívida usando a metade dos juros. No entanto, segundo o ranking publicado pelo Banco Central, o Santander/Real é a 31; instituição financeira que opera com a taxa mais alta do mercado, quando se fala em cheque especial. Entre 11 e 19 de agosto, por exemplo, a taxa média estava em 8,51%.
Ao cobrar metade dos juros do cheque especial no parcelamento da dívida, o Santander/Real deverá aplicar pelo menos 4,25%, em média, na rolagem da dívida. Segundo dados do Banco Central, pelo menos 10 bancos já operam o cheque especial com taxas menores do que essa. Outro dado curioso é que o próprio Santander oferece empréstimo pessoal com uma taxa média de 3,47%, considerada a 53; maior do mercado. ;É mais negócio o cliente pegar um empréstimo pessoal no próprio banco e quitar a dívida do cheque especial;, afirma o economista Ayrton Fontes, especialista em economia de varejo.