Economia

Medidas anticíclicas do governo fizeram Brasil sair da crise, diz economista

postado em 11/09/2009 16:12
Os resultados positivos do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, divulgados nesta sexta-feira (11/9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstram que o Brasil saiu da recessão técnica provocada pela crise econômica mundial por causa das medidas anticíclicas adotadas pelo governo, como injeção de crédito no mercado, redução da taxa de juros e aumento dos gastos públicos. Essa foi a avaliação feita pelo professor doutor Antônio Corrêa Lacerda, do Departamento de Economia da PUC de São Paulo. [SAIBAMAIS]Segundo ele, o crescimento de 1,9% do PIB proporciona ao Brasil um destaque em relação a países como China e Rússia, que registraram queda de 10% em sua economia. "Esses números devem consolidar o Brasil como país em desenvolvimento e crescimento. Acredito que este cenário indique crescimento para os próximos trimestres". Em relação ao crescimento de 2,1% registrado pela indústria, Lacerda destacou que esse é o setor mais afetado pela crise, fazendo com que o nível fique em patamar muito baixo. "A indústria está se recuperando gradualmente. Se o governo não deixar o câmbio cair, manter os juros em queda e continuar cedendo crédito, o setor continuará se recuperando". Para Lacerda as lições deixadas pela crise para o Brasil são as de que o mercado interno é muito importante e faz diferença, porque quando ele é forte o país não precisa depender exclusivamente das exportações. "Além disso, a crise evidenciou a importância dos bancos públicos, como o BNDES. E mostrou que as empresas brasileiras pensam no médio e longo prazos, porque mantiveram seus planos". Lacerda enfatizou que o governo precisa continuar reduzindo os juros para criar um ambiente favorável à produção e ao comércio. De acordo com o diretor do MBA da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Tharcisio Souza Santos, o resultado do PIB do segundo trimestre é uma surpresa agradável, mas a economia do país já demonstrava desde o final de abril que o pior momento da crise estava se afastando. "A retomada forte da indústria, que foi severamente afetada, mostra que a crise ficou para trás e a indústria vai paulatinamente voltar aos padrões de crescimento". Para Santos, o que a crise deixa para o Brasil é a lição de que o país conseguiu retomar o crescimento mais depressa do que outros e foi menos afetado graças à solidez dos fundamentos macroeconômicos, ao sistema de metas de inflação, ao volume de reservas financeiras e à política monetária do Banco Central. "Quando há uma política continuada, o país caminha para resultados e sofre menos. A rapidez com a qual o governo reagiu ao pior momento da crise ajudou bastante. O sistema bancário brasileiro também fez papel importante para não contaminar a economia. O setor financeiro do país é muito forte e foi uma ferramenta fundamental para que as coisas não desandassem". Sobre a política de juros do país, ele ressaltou que o Banco Central fez uma parada técnica para ver como a economia se comporta. Para ele, não há possibilidade de a inflação voltar a patamares assustadores. "A taxa deve se manter baixa por mais tempo, pelo menos durante todo o ano de 2010, e existe espaço para mais queda (dos juro)".

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