postado em 11/09/2009 16:57
O crescimento de 1,9% registrado no segundo trimestre deste ano no Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, é uma sinalização positiva porque mostra a aceleração da atividade e a saída da economia brasileira da recessão técnica, avaliou hoje (11) o economista chefe da MB Associados, Sergio Vale. ;Mesmo o número de queda (-1,2%) obtido na comparação com o segundo trimestre do ano passado não deixa de ser positivo;. Ele lembrou que o PIB já havia tido uma forte queda no primeiro trimestre (-1,8%) em relação aos três primeiros meses do ano passado.Por isso, afirmou Vale, a queda foi menor agora, no segundo trimestre. ;E tende a virar, eventualmente, um número até positivo no terceiro trimestre deste ano;. De modo geral, o resultado do PIB dá uma sinalização positiva daqui para a frente, disse Vale. A expectativa, acrescentou, é que o país ainda tenha um terceiro trimestre complicado, por conta do desempenho das exportações e dos investimentos. Mas para o quarto trimestre o economista espera um número ;;bastante positivo;.
Segundo ele, isso traz a perspectiva de crescimento para este ano próximo a 0%. ;Esse crescimento de 0,2% que a gente está esperando, no final, quando se compara com o resto do mundo, significa um resultado muito bom. Porque o mundo inteiro está com uma queda muito forte e 0,2% de crescimento este ano é bastante razoável;. No final, a grande sinalização é para 2010. Vale acredita que o PIB no próximo ano terá um crescimento de 4% de piso, podendo chegar mais próximo de 5%.
Já o chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Samuel de Abreu Pessoa, considerou que o resultado do PIB foi muito positivo, mas ficou dentro do nível previsto pelo mercado, que era de 1,7%. ;O número acabou sendo um pouco melhor do que se esperava.Houve uma recuperação forte das exportações e o final do ciclo de estoques na indústria.;
Pessoa estimou que o PIB de 2009 ficará em torno de 0%. Já para 2010, ele não hesitou em prever 5% de crescimento para o PIB. ;Pode repetir 2008;. Explicou, entretanto, que a projeção de 5% se deve a um ;carregamento; (carry over ou efeito estatístico que mede o crescimento de um ano para outro) grande de 2% de 2009 para o ano que vem.
;Quando o PIB está crescendo, você tem para o ano seguinte sempre um carregamento positivo. Quando o PIB sofre uma pancada dura, como aconteceu em outubro, novembro e dezembro do ano passado, o carregamento é negativo, porque estava subindo no início do ano e, no final, desceu."
Como o carregamento de 2008 para 2009 foi negativo, o economista da FGV avaliou que o crescimento de 0% projetado para este ano não é ruim. Afirmou que o crescimento zero reflete o ;soco na cara que a economia brasileira recebeu em setembro do ano passado;, devido à crise financeira internacional. Disse, porém, que a economia está retomando o crescimento. ;Tem muito espaço para retomar ainda;.
Pessoa alertou que mesmo na hipótese de a economia brasileira crescer 5% em 2010, isso não significa que a indústria nacional estará operando a plena capacidade. ;O nível de utilização da indústria ainda vai estar relativamente baixo;. A retomada, contudo, já começou no segundo trimestre. ;Este dado que foi divulgado hoje pelo IBGE é o primeiro dado de retomada;. Segundo o economista da FGV, dá para dizer que foi uma crise em formato V que atingiu o Brasil. E o país ;já começa a sair do buraco;.