postado em 12/09/2009 10:03
Setor mais afetado pela crise mundial, a indústria está dando importantes e consistentes sinais de recuperação. Pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), beneficiada pelo corte do Imposto sobre Produto Industrializados (IPI) em segmentos como o de automóveis e eletrodomésticos, a produção cresceu 2,1% no segundo trimestre do ano em relação aos primeiros três meses, despontando como o grande destaque do Produto Interno Bruto (PIB) do lado da oferta. ;Nem mesmo o fato de a expansão da indústria ter se dado sobre uma base deprimida diminui a importância do resultado. O relevante é que a produção vem crescendo consistentemente;, disse Flávio Serrano, economista sênior do Banco BES Investimento.Segundo ele, a recuperação da indústria ficará ainda mais clara no terceiro trimestre do ano. ;Em julho, houve forte incremento de 2,2%. E os dados preliminares de agosto apontam para crescimento entre 1% e 1,5%;, assinalou. Esse avanço, acrescentou o economista-chefe da Santander Asset Management, Hugo Penteado, reflete o fim do processo de zeragem dos estoques, que haviam encalhado em patamares elevados. Antes do estouro da crise mundial, em setembro de 2008, a indústria vinha fabricando para atender a uma demanda interna que crescia a quase 10% ao ano. Mas, com o freio imposto à economia, as vendas planejadas não se concretizaram e as mercadorias lotaram os depósitos.
Foi o excesso de estoque, na avaliação de Ricardo Moraes, economista IBGE, que levou a indústria a computar queda de 8,6% no primeiro semestre de 2009 e de 7,9% no confronto do segundo trimestre com o mesmo período do ano passado. Nessa base de comparação, todas as atividades encolheram. A indústria de transformação tombou 10%, a da construção civil recuou 9,5% e a extrativa mineral, expressivos 27,4%. É por isso, na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que não há motivos para tanta comemoração. Para a entidade, apesar do saldo positivo no segundo trimestre ante o primeiro, os demais resultados indicam que a crise não está inteiramente superada.
Investimentos
O presidente da Câmara da Construção Civil (CBIC)(1), Paulo Safady Simão, está otimista. No seu entender, o desempenho da indústria como um todo tende a melhorar, estimulando, inclusive, o retorno dos investimentos, que tiveram variação zero do primeiro para o segundo semestre, mas desabaram 17% na comparação do segundo trimestre com igual período de 2008, a maior queda desde 1996, quando começou a série histórica do IBGE. ;Os investimentos serão puxados pela construção civil. E vamos fechar o ano com crescimento de 3%;, afirmou.
Para o diretor financeiro da JCGontijo Engenharia, João Carlos de Almeida, no que depender das empresas, a construção civil será uma das alavancas para a consolidação do crescimento econômico. A companhia está tocando projetos no valor de R$ 1 bilhão, que vão criar 3 mil empregos diretos até dezembro próximo. ;De início, o setor botou o pé no freio, mas quando se viu que o impacto da crise não seria tão forte, todos os empreendimentos foram colocados na rua;, frisou.
1 - Representatividade
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção foi fundada em 1957, no Rio de Janeiro, com o objetivo de tratar de questões ligadas a esse setor e ao mercado imobiliário, e de ser a representante dessa área no Brasil e no exterior. Hoje, sediada em Brasília, a CBIC reúne 59 sindicatos e associações patronais das 27 unidades da Federação.