Economia

Obama pede reforma a fundo do sistema financeiro para evitar novas crises

Agência France-Presse
postado em 14/09/2009 16:26
O presidente Barack Obama alertou nesta segunda-feira a Wall Street que não permitirá uma volta aos excessos do passado e pediu ao G20 uma reforma enérgica do sistema financeiro mundial. "É fundamental reforçar o que não funciona no sistema financeiro mundial, um sistema que vincula entre si as economias e que propaga tantos benefícios quanto riscos", advertiu no discurso que realizou a poucos passos de Wall Street para marcar o aniversário simbólico de um ano da crise financeira, deflagrada pela declaração de concordata do conceituado banco de negócios Lehman Brothers. [SAIBAMAIS]Obama lamentou que "infelizmente, alguns, no setor financeiro, se enganam na leitura do momento presente". "Em vez de tirar as lições (da falência) do Lehman e da crise da qual ainda não saíram, eles optam por ignorá-las", afirmou, reconhecendo que houve uma falha coletiva em Washington em relação à crise econômica. "É uma falha coletiva no sentido das responsabilidades em Washington, em Wall Street e em toda a América que quase levou ao desmoronamento de nosso sistema financeiro há um ano". O presidente aproveitou a oportunidade para fazer um balanço da incipiente recuperação da economia dos Estados Unidos e impulsionar medidas que evitem voltar à beira do precipício. "Oito meses depois, o trabalho de recuperação continua. E, apesar de não ficar satisfeito enquanto houver desempregados e nosso sistema financeiro continuar fragilizado, podemos ficar confiantes que as tormentas dos anos passados começaram a amainar". Também pediu ao Congresso que adote regras financeiras mais rígidas, que impeçam os excesos do passado. "Por isso que quero que me entendam: não retornaremos à época dos comportamentos imprudentes e dos excessos descontrolados que estão no coração desta crise, quando muitas pessoas estavam motivadas apenas pelo apetite por ganhos rápidos e bônus suculentos", afirmou, falando no Federal Hall de Nova York, a primeira sede do Congresso norte-americano, no sul de Manhattan, um monumento histórico dos Estados Unidos, bem perto da Bolsa de Nova York, o símbolo dos abusos que indignaram os americanos e o próprio Obama. O presidente insistiu que dirigentes de Wall Street ajam rapidamente na questão dos bônus exorbitantes recebidos por seus dirigentes sem esperar que os parlamentares americanos os regulem. "Vocês não esperaram para submeter os bônus de seus mais altos dirigentes ao voto dos acionistas. Vocês não esperaram que uma lei fosse adotada para reformar seu sistema de remuneração e para fazer com que fossem recompensados por seus desempenhos de longo prazo e não mais por lucros rápidos", declarou. Obama considerou "essencial reformar o que está errado no sistema financeiro mundial, um sistema que liga as economias e que propaga tanto os benefícios quantos os riscos". Visando a cúpula das nações industrializadas e emergentes do G20 - prevista para Pittsburgh na próxima semana -, Obama disse esperar que os demais países também façam uma reforma a fundo do sistema financeiro mundial. "Ao mesmo tempo que os Estados Unidos reformam de maneira enérgica o seu sistema regulamentar, eles se empenharão em fazer com que o restante do mundo faça a mesma coisa", afirmou. Por fim, dias depois de impor tarifas alfandegárias à importação de pneus chineses, o que incomodou profundamente Pequim, Obama advertiu que os Estados Unidos não hesitarão em apelar para a regulamentação internacional para acordos comerciais, negando acusações de protecionismo. "Nenhum sistema comercial funcionará se não aplicarmos os acordos comerciais. Porque a aplicação dos acordos comerciais é parte integrante da preservação de um comercial aberto e livre".

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